Futuro da PT está agora nas mãos de accionistas como o Novo Banco
Oferta do grupo francês tem o acordo do conselho de administração da Oi, mas ainda tem de passar pela assembleia geral da PT SGPS.
Tudo indica que será na próxima semana que a PT SGPS receberá a proposta da Oi para vender a PT Portugal à Altice. O documento justificativo terá de incluir “a defesa da valorização das participações dos accionistas da Oi, incluindo a PT SGPS” em consequência da operação. Mas deverá também ajudar a perceber o racional da venda do activo (se é, por exemplo, para reduzir dívida, ou obter liquidez para participar na consolidação no mercado brasileiro).
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Tudo indica que será na próxima semana que a PT SGPS receberá a proposta da Oi para vender a PT Portugal à Altice. O documento justificativo terá de incluir “a defesa da valorização das participações dos accionistas da Oi, incluindo a PT SGPS” em consequência da operação. Mas deverá também ajudar a perceber o racional da venda do activo (se é, por exemplo, para reduzir dívida, ou obter liquidez para participar na consolidação no mercado brasileiro).
A oferta da Altice avalia a PT Portugal em 7400 milhões de euros, com pagamentos diferidos de 500 milhões. No final de Novembro, os CTT e a Altice assinaram um acordo que os tornará parceiros estratégicos, se o negócio avançar. Mas a proposta francesa contempla outro “ângulo nacional”, pois recolhe a possibilidade da entrada de investidores portugueses na operadora até uma percentagem de 20% do capital, apurou o PÚBLICO.
Se na próxima semana já tiver em mãos o documento justificativo da Oi, mas ainda estiver sob a Oferta Pública de Aquisição (OPA) de Isabel dos Santos (e, logo, em gestão corrente), a PT SGPS não poderá pronunciar-se sobre o tema e pedirá ao presidente da mesa da assembleia geral (AG) que convoque o encontro de accionistas. Sob OPA o prazo de convocatória é de 15 dias e, por isso, estão criadas as condições para que coincidam com a época de Natal. Mas, se entretanto a OPA cair (se, por exemplo, a CMVM recusar uma das condições, que é a dispensa de uma oferta subsequente, que teria como consequência uma subida de preço), o prazo passa a ser o normal (um mês). Se assim for, a decisão sobre o futuro da PT Portugal será tomada no início do ano.
“Aconteça o que acontecer, alguém vai processar alguém”, disse à Reuters Allan Nichols, analista da Morningstar. “Ainda é cedo, mas penso que [o resultado] não vai ser tão limpo como a Altice e a Oi queriam que fosse. Alguns [accionistas]podem preferir encaixar [na OPA]», afirmou Nicholls. A venda tem de ser aprovada por uma maioria qualificada de dois terços dos votos presentes, pelo que seria possível bloquear o negócio com uma minoria de um terço, mais um voto.
Fonte da administração da PT SGPS disse à Lusa que o "sentimento predominante" entre os membros daquele órgão é que o preço oferecido na OPA é baixo.
A Terra Peregrin oferece 1,35 euros por cada acção da PT SGPS, avaliando a holding em 1210 milhões de euros. Um valor que o braço direito de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva reforçou como sendo “justo e equitativo”, e final. O gestor garantiu na quinta-feira que não vai rever a contrapartida. Na sexta-feira as acções da PT fecharam a 1,387 euros, acumulando uma desvalorização semanal de 8%. Já as da Altice, fecharam a subir 2,96%, nos 61,49 euros.
Apesar de a operação ser dada como estando aprovada pela Oi, o certo é que, até à data, ainda não foi comunicada ao mercado. Fontes ligadas à operação admitiram a possibilidade de tal só acontecer durante o fim-de-semana, devido à intricada estrutura societária da empresa brasileira, que obriga a decisão a passar por uma série de processos formais de aprovação.
A administração da PT SGPS esteve reunida para analisar as condições da OPA, mas estas apreciações só deverão chegar à CMVM na terça-feira, após o fecho do mercado, disse fonte da holding. Também assegurou que os representantes da PT SGPS na Oi, estando obrigados a uma posição de neutralidade devido à OPA, “não só não votaram, como ainda se ausentaram da sala no momento” em que o conselho da Oi votou a venda da PT Portugal à Altice. Os estatutos da Telemar (holding que controla a Oi) obrigam a que todos os membros do conselho votem alinhados, pelo que a opção seria quebrar os acordos accionistas ou a neutralidade.
Fonte da Terra Peregrin sublinhou esta sexta-feira que o negócio com a Altice não é um facto consumado e que está nas mãos dos accionistas da PT SGPS aceitarem a venda ou escolherem uma oferta que “mantém a unidade do grupo Portugal Telecom” e a sua relevância na economia portuguesa.
A Terra Peregrin vai receber na próxima terça-feira o Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom (STPT). Confessando-se “surpreendido por Isabel dos Santos pretender recuperar o projecto do grande operador lusófono” de Zeinal Bava, Jorge Félix, do STPT, disse estar curioso para saber como estes planos se articulam com o investimento da empresária na NOS (cujo controlo Isabel dos Santos divide com a Sonaecom, dona do PÚBLICO). Quanto à venda da operadora, disse que “a esperança dos trabalhadores reside na capacidade ou vontade da PT SGPS vetar essa venda em AG”.