O rei do povo

Do nada, Criolo arranca um disco sublime

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O tamanho importa: peneirar o quintalinho da dona Aduzinda não é o mesmo que garimpar o Brasil inteiro. O rapper brasileiro Criolo, nado no nosso país-irmão, tem à sua disposição samba, axé, aquele funk mulato criado pelo branco Marcos Valle, o swing dos bailes populares brasileiros, as mais variadas percussões, um continente inteiro à mão de samplar. E quando se pode disparar para todos os lados e fazer da terra ouro, para quê escolher apenas um alvo? Em Convoque Seu Buda, que está disponível gratuitamente online, encontramos tudo o que mencionámos acima: luxúria de cordas + sints funk (Cartão de visita), metais swingados (Casa de papelão), samba baril (Fermento pra massa), reggae, rock, uma gigantesca placenta musical, recortada, recomposta, re-enxertada de acordo com regras que só o próprio Criolo conhece, sempre assente em beats exímios e uma noção de refrão e de verso admiráveis. O tom é sempre o mesmo: o estado miserável do mundo que nos rodeia, “o trabalhador que corre atrás do pão é humilhação demais/ que não cabe nesse refrão” como rapa Criolo antes de uma flauta pastoral vir amansar a a faixa-título. Convoque Seu Buda não devia ter existido – Criolo tinha, supostamente, deixado a música. Celebremos então o terceiro e mais recente filho deste Lázaro, que do nada arranca um disco sublime, sublime.

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O tamanho importa: peneirar o quintalinho da dona Aduzinda não é o mesmo que garimpar o Brasil inteiro. O rapper brasileiro Criolo, nado no nosso país-irmão, tem à sua disposição samba, axé, aquele funk mulato criado pelo branco Marcos Valle, o swing dos bailes populares brasileiros, as mais variadas percussões, um continente inteiro à mão de samplar. E quando se pode disparar para todos os lados e fazer da terra ouro, para quê escolher apenas um alvo? Em Convoque Seu Buda, que está disponível gratuitamente online, encontramos tudo o que mencionámos acima: luxúria de cordas + sints funk (Cartão de visita), metais swingados (Casa de papelão), samba baril (Fermento pra massa), reggae, rock, uma gigantesca placenta musical, recortada, recomposta, re-enxertada de acordo com regras que só o próprio Criolo conhece, sempre assente em beats exímios e uma noção de refrão e de verso admiráveis. O tom é sempre o mesmo: o estado miserável do mundo que nos rodeia, “o trabalhador que corre atrás do pão é humilhação demais/ que não cabe nesse refrão” como rapa Criolo antes de uma flauta pastoral vir amansar a a faixa-título. Convoque Seu Buda não devia ter existido – Criolo tinha, supostamente, deixado a música. Celebremos então o terceiro e mais recente filho deste Lázaro, que do nada arranca um disco sublime, sublime.