Meio milhão de novos casos de cancro por causa do excesso de peso e obesidade
Números, referentes a 2012, sugerem tanto o peso excessivo como a obesidade como os principais riscos, responsáveis por 3,6% das novas situações de cancro registadas em adultos
Um estudo publicado esta quarta-feira na revista "The Lancet Oncology" associa um elevado Indíce de Massa Corporal (IMC) a cerca de meio milhão de novos casos de cancro por ano entre os adultos. A recolha e análise dos dados esteve a cargo do Centro Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC), uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS).
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Um estudo publicado esta quarta-feira na revista "The Lancet Oncology" associa um elevado Indíce de Massa Corporal (IMC) a cerca de meio milhão de novos casos de cancro por ano entre os adultos. A recolha e análise dos dados esteve a cargo do Centro Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC), uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Estes números, referentes a 2012, sugerem tanto o peso excessivo como a obesidade, como os principais riscos, responsáveis por 3,6% das novas situações de cancro registadas em adultos (neste caso com idade superior a 30 anos) nesse ano. O estudo analisou informação da base de dados Globocan sobre a incidência e a mortalidade por cancro em 184 países. Em entrevista ao Ciência 2.0, Luís Costa, oncologista do Hospital de Santa Maria e do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, explica que este estudo só vem confirmar e salientar uma informação já conhecida.
"É um factor de grande importância na maioria dos cancros, no mundo ocidental mais associados ao cancro da mama e ao cancro do colón", refere o especialista, acrescentando que "não há ainda nenhuma explicação científica" para esta relação.
A análise mostra que esta relação afecta mais as mulheres do que os homens. Em causa estão os cancros da mucosa do útero e na mama após a menopausa. Nas mulheres, o excesso de peso é responsável por 345 mil novos casos, enquanto nos homens é responsável por 136 mil.
"Nas mulheres o IMC elevado está associado não só ao cancro da mama, mas também ao reaparecimento da doença mesmo após a operação", alerta Luís Costa. O oncologista defende uma mudança de atitude social em relação ao controlo de peso que não deve ser apenas feito por uma questão estética.
Na Europa, a Europa de Leste é a zona mais afectada, tendo 65 mil casos. Já na América do Norte registaram-se 111 mil casos, o que equivale a cerca de um quarto do total.
Dados da OMS indicam que o peso em excesso afeta 1,4 mil milhões de pessoas com mais de 20 anos, entre os quais mais de 200 milhões de homens e cerca de 300 milhões de mulheres são obesos.