O “pescoço do SMS” está a tornar-se epidémico e poderá dar cabo da sua coluna
Tem dores nas cervicais e não percebe porquê? Se é daquelas pessoas que passam horas a fio, dia após dia, a olhar para um smartphone, aí está a explicação que procurava.
Esse é o preço que pagamos por olhar fixamente para um smartphone – algo que milhões de pessoas fazem durante horas a fio todos os dias – conclui um estudo da autoria do médico norte-americano Kenneth Hansraj, da clínica New York Spine Surgery and Rehabilitation Medicine, publicado na revista Surgical Technology International.
Com o tempo, dizem os especialistas, esta postura incorrecta, por vezes chamada em inglês “text neck” (pescoço do SMS), pode conduzir a um desgaste precoce ou uma degenerescência da coluna vertebral – e até precisar de uma intervenção cirúrgica.
“Trata-se de uma epidemia – ou, pelo menos de algo muito comum”, disse Hansraj ao jornal The Washington Post. “Basta olharmos à nossa volta, toda gente tem a cabeça para baixo.”
Não consegue ter uma ideia do que representam 27 quilos? Então imagine-se a transportar uma criança de oito anos à volta do pescoço durante várias horas por dia. Os utilizadores de smartphones passam em média duas a quatro horas por dia encurvados sobre estes aparelhos – a ler emails, a enviar SMS ou a consultar sites de redes sociais. Isso corresponde a 700 a 1400 horas por ano a exercer um stress sobre a coluna vertebral, segundo o estudo. E os alunos do ensino secundário poderão ser os mais prejudicados. É possível que passem até 5000 horas adicionais nessa posição, diz Hansraj.
“O problema é mesmo grave no que respeita aos jovens”, acrescenta. “Com este nível de stress sobre o pescoço, poderemos começar a ver pessoas novas a precisarem de tratamentos para a coluna. Gostaria mesmo de ver os pais a terem mais atenção a isso.”
Há anos que os peritos médicos andam a alertar as pessoas. Alguns dizem que por cada dois centímetros e meio de inclinação adicional da cabeça para a frente, a pressão sobre a coluna duplica.
Tom DiAngelis, presidente da secção do sector privado da Associação Americana de Fisioterapia, disse no ano passado à cadeia televisiva CNN que o efeito é semelhante a dobrar um dedo completamente para trás e mantê-lo nessa posição durante cerca de uma hora.
“À medida que os tecidos vão sendo esticados durante longos períodos de tempo, começam a doer e a ficar inflamados”, salientou. A postura também pode causar distensões musculares, nevralgias, hérnias discais e, a prazo, pode mesmo dar cabo da curvatura natural do pescoço. Isto põe em risco os 58% de adultos norte-americanos que possuem um smartphone.
Michelle Collie, médica da clínica Performance Physical Therapy em Rhode Island (EUA), disse igualmente à CNN, no ano passado, que tinha começado a ver, há já seis ou sete anos, doentes com dores na cabeça, no pescoço e nas costas induzidos pelas tecnologias móveis.
As posturas incorrectas podem causar ainda outros problemas. Os especialistas dizem que podem reduzir a capacidade pulmonar em até 30%. Também têm sido associadas a dores de cabeça e a problemas neurológicos, à depressão e a doenças cardiovasculares.
“Embora seja quase impossível evitar as tecnologias que causam estes problemas, as pessoas deveriam esforçar-se por olhar para os seus smartphones sem dobrar a coluna e evitar passar horas por dia dobrados por cima deles”, segundo o estudo.
Em entrevista ao site Today.com, Hansraj deu algumas dicas aos utilizadores de smartphones para evitarem as dores.
Olhe para o seu aparelho com os olhos, não é preciso dobrar o pescoço. Exercícios: vire várias vezes a cabeça da esquerda para a direita. Faça força com a cabeça contra as mãos, primeiro para a frente e depois para trás. Coloque-se na ombreira de uma porta com os braços esticados e empurre o peito para a frente de forma a reforçar os músculos “da boa postura”, diz Hansraj.
“Adoro tecnologia. Não estou a denegri-la de maneira alguma”, diz o médico. “A minha mensagem é apenas: tome consciência da posição da sua cabeça no espaço. Continue a desfrutar do seu smartphone e da tecnologia – mas, simplesmente, certifique-se de que tem a cabeça erguida.”
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Esse é o preço que pagamos por olhar fixamente para um smartphone – algo que milhões de pessoas fazem durante horas a fio todos os dias – conclui um estudo da autoria do médico norte-americano Kenneth Hansraj, da clínica New York Spine Surgery and Rehabilitation Medicine, publicado na revista Surgical Technology International.
Com o tempo, dizem os especialistas, esta postura incorrecta, por vezes chamada em inglês “text neck” (pescoço do SMS), pode conduzir a um desgaste precoce ou uma degenerescência da coluna vertebral – e até precisar de uma intervenção cirúrgica.
“Trata-se de uma epidemia – ou, pelo menos de algo muito comum”, disse Hansraj ao jornal The Washington Post. “Basta olharmos à nossa volta, toda gente tem a cabeça para baixo.”
Não consegue ter uma ideia do que representam 27 quilos? Então imagine-se a transportar uma criança de oito anos à volta do pescoço durante várias horas por dia. Os utilizadores de smartphones passam em média duas a quatro horas por dia encurvados sobre estes aparelhos – a ler emails, a enviar SMS ou a consultar sites de redes sociais. Isso corresponde a 700 a 1400 horas por ano a exercer um stress sobre a coluna vertebral, segundo o estudo. E os alunos do ensino secundário poderão ser os mais prejudicados. É possível que passem até 5000 horas adicionais nessa posição, diz Hansraj.
“O problema é mesmo grave no que respeita aos jovens”, acrescenta. “Com este nível de stress sobre o pescoço, poderemos começar a ver pessoas novas a precisarem de tratamentos para a coluna. Gostaria mesmo de ver os pais a terem mais atenção a isso.”
Há anos que os peritos médicos andam a alertar as pessoas. Alguns dizem que por cada dois centímetros e meio de inclinação adicional da cabeça para a frente, a pressão sobre a coluna duplica.
Tom DiAngelis, presidente da secção do sector privado da Associação Americana de Fisioterapia, disse no ano passado à cadeia televisiva CNN que o efeito é semelhante a dobrar um dedo completamente para trás e mantê-lo nessa posição durante cerca de uma hora.
“À medida que os tecidos vão sendo esticados durante longos períodos de tempo, começam a doer e a ficar inflamados”, salientou. A postura também pode causar distensões musculares, nevralgias, hérnias discais e, a prazo, pode mesmo dar cabo da curvatura natural do pescoço. Isto põe em risco os 58% de adultos norte-americanos que possuem um smartphone.
Michelle Collie, médica da clínica Performance Physical Therapy em Rhode Island (EUA), disse igualmente à CNN, no ano passado, que tinha começado a ver, há já seis ou sete anos, doentes com dores na cabeça, no pescoço e nas costas induzidos pelas tecnologias móveis.
As posturas incorrectas podem causar ainda outros problemas. Os especialistas dizem que podem reduzir a capacidade pulmonar em até 30%. Também têm sido associadas a dores de cabeça e a problemas neurológicos, à depressão e a doenças cardiovasculares.
“Embora seja quase impossível evitar as tecnologias que causam estes problemas, as pessoas deveriam esforçar-se por olhar para os seus smartphones sem dobrar a coluna e evitar passar horas por dia dobrados por cima deles”, segundo o estudo.
Em entrevista ao site Today.com, Hansraj deu algumas dicas aos utilizadores de smartphones para evitarem as dores.
Olhe para o seu aparelho com os olhos, não é preciso dobrar o pescoço. Exercícios: vire várias vezes a cabeça da esquerda para a direita. Faça força com a cabeça contra as mãos, primeiro para a frente e depois para trás. Coloque-se na ombreira de uma porta com os braços esticados e empurre o peito para a frente de forma a reforçar os músculos “da boa postura”, diz Hansraj.
“Adoro tecnologia. Não estou a denegri-la de maneira alguma”, diz o médico. “A minha mensagem é apenas: tome consciência da posição da sua cabeça no espaço. Continue a desfrutar do seu smartphone e da tecnologia – mas, simplesmente, certifique-se de que tem a cabeça erguida.”