Desastre a dançar? Estudo revela que pode ser biológico

O desastre na pista de dança pode ser comparado por exemplo ao daltonismo, pois no fundo é uma incapacidade em perceber um estímulo externo

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Hugo Martins Oliveira/FLICKR

Quantos de vocês já passaram a noite inteira a rir daquela pessoa que na pista de dança é o desastre absoluto, mas que ainda assim insiste em dançar? Parece que o problema pode não ser apenas falta de jeito, podem mesmo existir pessoas incapacitadas biologicamente de dançar.

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Quantos de vocês já passaram a noite inteira a rir daquela pessoa que na pista de dança é o desastre absoluto, mas que ainda assim insiste em dançar? Parece que o problema pode não ser apenas falta de jeito, podem mesmo existir pessoas incapacitadas biologicamente de dançar.

Num estudo publicado recentemente na Philosophical Translations: Biological Sciences, cientistas das Universidades de Montreal e McGill no Canadá definiram esta incapacidade de dançar como "beat-deafnes" - surdez ao ritmo.

O desastre na pista de dança pode ser comparado por exemplo ao daltonismo, pois no fundo é uma incapacidade em perceber um estímulo externo. O que acontece é que quem tem este problema não tem capacidade de sincronizar o corpo e o ritmo biológico ao som e ritmo da música.

Segundo a coordenadora do estudo, Caroline Palmer, o que verificaram é que os erros habitualmente se davam devido às frequências naturais não se coordenarem com os estímulos externos.

Inicialmente os participantes tiveram que fazer uma batida rítmica por conta própria, e aqui tudo corria normalmente. O problema apareceu quando foi pedido aos participantes para simular uma batida rítmica de acordo com um metrónomo (instrumento que mede o tempo e marcar o compasso das composições musicais) que acelerava e desacelerava sem aviso prévio. A maioria dos participantes mantinham a sincronia, no entanto os que sofriam desta incapacidade para dançar não conseguiam manter o ritmo.

Um dos participantes descreve no estudo “Eu não consigo descobrir o que é ritmo, na verdade. Não posso ouvi-lo, não consigo sequer sentir o que isso é”.

O estudo constatou ainda, curiosamente, que as pessoas são geralmente inconscientes da sua incapacidade de ritmo, que pode assim explicar o porque da insistência ao acharem que têm os pés do Elvis Presley quando estão a dançar.

Neste momento, os investigadores estão a tentar perceber se esta incapacidade pode afectar outras áreas da vida, como por exemplo a capacidade de avaliar se será seguro ou não atravessar a estrada.

Mas calma, se achavam que poderiam usar o estudo como desculpa para a vossa falta de jeito talvez não o possam fazer. O teste dá negativo para a maioria, sendo que apenas 2 a 3% da população poderá apresentar o problema. Ainda assim como dança seus males espanta, dancem sempre como se ninguém estivesse a olhar.