Cinco anos depois de Liberdade, Jonathan Franzen edita o novo romance Purity
Em Setembro de 2015 o "grande romancista americano" regressa com mais uma história familiar - mas com hackers e ecos de Dickens. A edição portuguesa será publicada pela D.Quixote logo após o lançamento nos EUA.
O sucessor de Liberdade, lançado cinco anos depois do romance que deu a capa da revista Time a Franzen em Agosto de 2010 com o epíteto “grande romancista norte-americano”, será então um épico familiar americano que atravessa décadas. O título foca-se na personagem central, Purity Tyler, também conhecida pelo diminutivo Pip (facilmente associável à personagem homónima de Charles Dickens em Grandes Esperanças), que procura identificar o seu pai e que se relaciona com um hacker activista e carismático (que alguns já se apressaram a equiparar a Edward Snowden). Parte assim numa viagem que leva o leitor dos EUA contemporâneos à Alemanha de Leste antes da queda do Muro e à América do Sul, detalha ainda o diário The New York Times com base nas palavras de Jonathan Galassi, presidente da editora Farrar, Straus & Giroux, que representa Franzen.
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O sucessor de Liberdade, lançado cinco anos depois do romance que deu a capa da revista Time a Franzen em Agosto de 2010 com o epíteto “grande romancista norte-americano”, será então um épico familiar americano que atravessa décadas. O título foca-se na personagem central, Purity Tyler, também conhecida pelo diminutivo Pip (facilmente associável à personagem homónima de Charles Dickens em Grandes Esperanças), que procura identificar o seu pai e que se relaciona com um hacker activista e carismático (que alguns já se apressaram a equiparar a Edward Snowden). Parte assim numa viagem que leva o leitor dos EUA contemporâneos à Alemanha de Leste antes da queda do Muro e à América do Sul, detalha ainda o diário The New York Times com base nas palavras de Jonathan Galassi, presidente da editora Farrar, Straus & Giroux, que representa Franzen.
A D. Quixote confirmou ao PÚBLICO que vai editar Purity logo após o lançamento nos EUA, dependendo o timing apenas da tradução.
Acompanhar várias gerações de uma família é o recheio habitual da prosa de Jonathan Franzen, finalista do Pulitzer de ficção e vencedor do National Book Award de 2001 – fê-lo com os Berglund em Liberdade e com os Lambert em Correcções. Ao PÚBLICO, numa entrevista em 2011, Franzen explicava o seu foco nas famílias, mas também nas longas durações: "O que me faz regressar às famílias nos meus romances é principalmente o acidente de ter crescido como o filho mais novo numa família de personalidades fortes, que eram ao mesmo tempo muito carinhosas e muito conflituosas entre si. Aprendi desde muito cedo a observar discussões de perspectivas diferentes, a interiorizar esses conflitos, e a procurar histórias que pudessem sintetizá-los e dar-lhes algum sentido."
Mas Jonathan Galassi precisou segunda-feira ao diário norte-americano que, se as temáticas sobre a parentalidade ou o amor se manterão na obra do escritor, o seu tom e estilo mudaram. Ao contrário dos seus romances mais conhecidos, que venderam mais de um milhão de exemplares em todo o mundo, Purity terám garantiu o editor, “uma espécie de qualidade fabulista. Não é realismo estrito. Há uma espécie de tom mítico na história”. E como disse o próprio Jonathan Franzen à revista Portland Monthly em Dezembro de 2012, será mais uma longa leitura. “Já abandonei a ilusão de que sou um escritor de romances de 150 páginas. Preciso de espaço”, sublinhou, acrescentando que “para o bem e para o mal, um ponto de vista nunca parece” bastar-lhe.
Purity está na forja há dois anos, segundo o editor e o escritor, e é o primeiro romance de Franzen desde o fenómeno Liberdade (2010, edição portuguesa D. Quixote de 2011). Os antecessores deste sucesso de vendas e de crítica foram Correcções (2001, edição portuguesa D. Quixote de 2003) e A Zona de Desconforto – Uma História Pessoal (2006), este último um livro de memórias de um escritor com 47 anos (editado em Portugal em 2012 pela D. Quixote). Agora Franzen prepara-se para, aos 56 anos, ter uma biografia escrita por um perito em incontornáveis da literatura como William Faulkner, Marcel Proust ou Franz Kafka.
Uma biografia
Jonathan Franzen: The Comedy of Rage é uma espécie de biografia escrita por Philip Weinstein, professor de Língua Inglesa na Universidade de Swarthmore – onde Franzen estudou - e que contou com a colaboração do autor biografado. De acordo com o site Publishers Lunch, o livro a editar pela Bloomsbury explorará “as metamorfoses de Franzen como pessoa e como escritor – da sua infância ultra-sensível até aos seus anos em Swarthmore, o seu casamento atribulado e a sua auto-reavaliação tumultuosa durante os anos 1990, até à sua chegada ao mainstream da cena cultural como um ícone literário”.
Ainda assim, Weinstein é o primeiro a dizer (numa entrevista ao New York Times, em Setembro) que o livro “não finge ser uma biografia em grande-escala. É demasiado cedo para isso”, admitiu sobre o timing – “ele está totalmente em modo carreira” ainda, ressalvou. “É um relatório sobre quem ele é.”
A “auto-reavaliação tumultuosa durante os anos 1990” coincide com os seus dois primeiros romances, os menos celebrados The Twenty-Seventh City (1988) e Strong Motion (1992), ambos sem edição portuguesa. Além da sua actividade como colaborador da revista New Yorker e como tradutor, Franzen assina dois outros tomos de não-ficção, as colectâneas de ensaio How to Be Alone (2002) e Farther Away (2012).
Perante a novidade deste lançamento blockbuster do mercado editorial mundial e em particular norte-americano, o diário inglês The Guardian escreve que, se o mais importante prémio literário britânico, o Man Booker, recém-aberto aos autores americanos, escapou este ano ao contingente dos EUA, em 2015 “a história poderá ser outra”. Franzen é um peso pesado perante um prémio que já este ano teve nomes bem conhecidos da literatura made in América no seu rol de finalistas - Joshua Ferris, Karen Joy Fowler, Siri Hustvedt e Richard Powers -, embora o escolhido tenha sido o australiano Richard Flanagan.