Identificado o vírus responsável pela mortandade das estrelas-do-mar

Doença está a matar mais de 20 espécies na costa ocidental da América do Norte. Cientistas descobriram que o vírus já estava presente em amostras de estrelas-do-mar de 1942 conservadas em museus.

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O vírus desfaz as estrelas-do-mar Elizabeth Cerny-Chipman/Universidade Estadual de Oregon/Reuters

Mais de 20 espécies de estrelas-do-mar estão a morrer desde a costa do Sul do Alasca até ao estado mexicano da Baixa Califórnia. A doença causa primeiro lesões esbranquiçadas na pele das estrelas-do-mar. Depois, o corpo dos animais fica mole, rompe-se e os órgãos internos são expelidos. “Basicamente, as estrelas-do-mar despedaçam-se numa gosma que se acumula no leito do mar”, diz Ian Hewson, biólogo marinho e ecologista de microbiologia da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, Estados Unidos, que liderou a investigação.

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Mais de 20 espécies de estrelas-do-mar estão a morrer desde a costa do Sul do Alasca até ao estado mexicano da Baixa Califórnia. A doença causa primeiro lesões esbranquiçadas na pele das estrelas-do-mar. Depois, o corpo dos animais fica mole, rompe-se e os órgãos internos são expelidos. “Basicamente, as estrelas-do-mar despedaçam-se numa gosma que se acumula no leito do mar”, diz Ian Hewson, biólogo marinho e ecologista de microbiologia da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, Estados Unidos, que liderou a investigação.

Este densovírus associado às estrelas-do-mar pertence à família Parvoviridae, que incluí alguns vírus que podem causar doenças em animais e nas pessoas. Os investigadores detectaram o vírus em amostras antigas de estrelas-do-mar, de espécimes que estavam em museus desde 1942.

Segundo a equipa, este vírus poderá ter estado presente no ambiente em quantidades baixas desde pelo menos 1942. Só recentemente é que se tornou nesta ameaça de larga escala devido a algum factor novo, como uma mutação genética, uma mudança ambiental ou o grande aumento da população de estrelas-do-mar.

“É provavelmente a maior epidemia a afectar a vida selvagem marinha de que conhecemos”, diz, por sua vez, Drew Harvell, um ecologista da Universidade de Cornell, que também participou no estudo. “A pergunta de um milhão de dólares é: porquê agora? O que mudou que criou as condições para este surto? Não temos a resposta para esta questão. Mas uma mutação viral pode certamente ser uma explicação.”

A doença foi primeiro descoberta em Junho de 2013 e ainda não deu sinais de abrandar. “Há dez milhões de vírus numa gota de água do mar, por isso descobrir o vírus associado a esta doença marinha foi como procurar uma agulha num palheiro”, ilustra Ian Hewson. “Não só esta descoberta é importante por ser um vírus envolvido na morte em massa de invertebrados marinhos, como também por ser o primeiro vírus descrito em estrelas-do-mar.”

As estrelas-do-mar são equinodermes, primas dos pepinos-do-mar e dos ouriços-do-mar. A maioria delas tem cinco braços, mas algumas têm mais braços. O desaparecimento de tantas estrelas-do-mar ameaça o colapso dos ecossistemas costeiros. Estes equinodermes são predadores importantes, que ficam entre a linha costeira e o mar aberto.