José Casanova, da discussão à firmeza dos princípios comunistas (1939-2014)

Prosseguir a luta pelo "ideal comunista" é a melhor homenagem que lhe pode ser feita. Homens como Casanova "não morrem", escreveu o deputado Miguel Tiago.

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Pedro Cunha / Arquivo

O PCP considerou este sábado que a “melhor homenagem” que pode ser prestada a José Casanova, que entrou para o partido em 1958, é “prosseguir a luta do seu partido de sempre, o PCP, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país, pelo ideal e projecto comunista”.

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O PCP considerou este sábado que a “melhor homenagem” que pode ser prestada a José Casanova, que entrou para o partido em 1958, é “prosseguir a luta do seu partido de sempre, o PCP, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país, pelo ideal e projecto comunista”.

O seu camarada José Capucho, do comité central, conheceu-o há mais de 30 anos e descreve-o como alguém que era, simultaneamente, “aberto à discussão das ideias e muito firme na questão dos princípios da linha política do partido”. Um homem que teve sempre “uma intensa actividade política”, pautada por “um grande espírito de humanidade, um homem conhecedor da cultura, que trabalhou de perto com intelectuais, escritores, pintores e gente do teatro”.

José Casanova era actualmente o responsável no PCP pela comissão nacional da cultura, além de integrar o comité central do partido. “Era um frequentador do teatro. Além desta dimensão humana, era uma pessoa sempre preocupada com os outros, com os seus problemas. A sua dimensão política nunca esteve desligada da dimensão humana e do seu interesse pela cultura”, acrescenta.

Nascido em 1939, no Couço, concelho de Coruche, José Casanova aderiu ao PCP com apenas 19 anos e as suas primeiras actividades políticas ocorreram na União da Juventude Portuguesa, na qual chegou a dirigente. “Conheci-o mais directamente em Lisboa, em 1983, e trabalhei com ele. Eu estava na juventude Comunista Portuguesa e ele na Organização Regional de Lisboa (ORL)”, conta José Capucho. “O percurso dele começou muito jovem, na sua terra natal, onde começou a viver os acontecimentos da luta do operariado agrícola, da luta antifascista”, lembra.

Depois, “integrou a União da Juventude Portuguesa, participou nas candidaturas de Arlindo Vicente e de Humberto Delgado em 1958” e “esteve preso em 1960, seis anos na prisão”. A somar ao exílio na Bélgica, José Casanova foi presidente da Associação dos Portugueses Emigrados na Bélgica.

Considerado um “ortodoxo”, foi dirigente do PCP durante largos anos, membro da comissão politica e director do Avante” até Fevereiro de 2014, chegando a afirmar que aquele era “o único jornal isento” do capital e que, por isso, “todos devem ler”. Com muitos textos publicados no Avante!, escreveu, em 2011, que Mário Soares é “o pai da política de direita”, saindo assim em defesa do PCP, depois do fundador do PS ter acusado os comunistas de “ódio de estimação” ao seu partido. O cenário de fundo era o voto contra dos deputados comunistas ao PEC IV, que ditaria o fim do segundo governo de José Sócrates.

Em Julho deste ano, José Casanova ainda participou, em Almada, na apresentação da sua obra “Catarina Eufémia”, destacando o carácter da militante comunista, que “deu a vida pela luta dos trabalhadores de Baleizão, pelo pão e pela paz”. Do seu currículo literário ficam os romances “Aquela Noite de Natal”, “O Caminho da Aves” e “O Tempo das Giestas”, entre outros textos.

Este sábado, o deputado Miguel Tiago escreveu na sua página no Facebook que “homens como o José Casanova não morrem porque não terminam em si mesmos”.

Notícia substituída às 19h24.