Bispo do Porto diz que comunicou às autoridades uma denúncia de "episódio grave"

Denúncia respeita a um padre de outra diocese e foi feita ao bispo pelo sacerdote afastado da paróquia de Canelas.

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A população tem promovido vigílias contra a saída do padre Paulo Pimenta

António Francisco dos Santos refere, em comunicado enviado à Lusa, que numa troca de correspondência com o ex-padre de Canelas, Roberto de Sousa - cuja destituição da paróquia, este mês, motivou protestos da população -, este ameaçou revelar um “episódio grave”.

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António Francisco dos Santos refere, em comunicado enviado à Lusa, que numa troca de correspondência com o ex-padre de Canelas, Roberto de Sousa - cuja destituição da paróquia, este mês, motivou protestos da população -, este ameaçou revelar um “episódio grave”.

“Não conheço o sacerdote que o Padre Roberto refere. Não é sacerdote da Diocese do Porto. Mesmo assim, dada a gravidade do caso denunciado, dei a conhecer a sua carta, de imediato, às autoridades competentes”, adianta.

A decisão de afastar o padre Roberto de Sousa da paróquia de Canelas foi tomada em finais de Julho pela Diocese do Porto, tendo chegado a haver um recuo a meio de Setembro, mas a determinação ficou concretizada no início de Novembro.

Não obtendo explicações pelo seu afastamento, os populares organizaram várias acções de protesto, um abaixo-assinado e, no passado domingo, aquando da recepção ao novo padre os ânimos exaltaram-se, obrigando a intervenção policial.

O bispo do Porto nunca se quis pronunciar sobre o tema, mas ontem divulgou que pediu ao padre Roberto de Sousa para assumir “uma nova missão” na Vigariaria de Lousada ou do Marco de Canaveses. O sacerdote, refere o responsável pela diocese, salientou que ao deixar Canelas não queria assumir trabalho paroquial, preferindo ser capelão militar ou hospitalar, frisou António Francisco dos Santos.

“Recebi uma carta sua [padre Roberto de Sousa] a comunicar-me a decisão de cessar o múnus de pároco em Canelas, no dia 8 de setembro. Só permaneceria pároco caso eu pedisse pública desculpa à comunidade de Canelas pelos danos causados, demitisse o Senhor Vigário Geral, Padre António Coelho de Oliveira, e desautorizasse expressamente o Senhor Bispo Auxiliar, D. Pio Alves de Sousa”, disse o bispo no comunicado.

E acrescentou: “quero que o Padre Roberto sinta que procuro o seu bem, que atendo à sua proposta, feita no primeiro encontro que teve comigo, e que acredito que irá fazer do seu melhor no novo trabalho que me disse gostar. Manifestei-me disponível para a partir de 30 de Outubro fazer o decreto de nomeação e lhe conferir posse do novo múnus”.

Já o Gabinete de Comunicação da Diocese do Porto, igualmente em comunicado, “repudia veementemente” os “graves acontecimentos” ocorridos no passado domingo, em Canelas. “Colocam em causa a vida cristã das pessoas, a unidade da Igreja e a paz social e desfiguram o rosto e a alma de uma comunidade cristã”, adianta. O novo padre, Albino dos Reis, merece o respeito de todos e a liberdade para cumprir o seu múnus sacerdotal nas paróquias que lhe estão confiadas, refere o documento.