Quanto vale um par de chuteiras?

O Sporting criou um banco solidário de calçado desportivo para ajudar jovens e crianças carenciadas, e pretende que o projecto se alargue a todo o país

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Quando calçadas por um adulto, o normal é serem usadas e abusadas. E o mais certo é que o seu fim chegue com algum buraco à mistura, merecendo por isso acabarem penduradas. Mas então o que acontece às chuteiras de uma criança cujo pé, ao fim de meia dúzia de meses, já pede o número seguinte apesar de as botas continuarem em perfeito estado? Para os mais afortunados, a compra de um novo par é o passo seguinte e as "velhas" ficam esquecidas mas, porque o râguebi deve ser para todos, independentemente da sua situação socioeconómica, o Sporting criou um “Banco Solidário de Chuteiras” que pretende “promover uma democratização do acesso à prática desportiva”.

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Quando calçadas por um adulto, o normal é serem usadas e abusadas. E o mais certo é que o seu fim chegue com algum buraco à mistura, merecendo por isso acabarem penduradas. Mas então o que acontece às chuteiras de uma criança cujo pé, ao fim de meia dúzia de meses, já pede o número seguinte apesar de as botas continuarem em perfeito estado? Para os mais afortunados, a compra de um novo par é o passo seguinte e as "velhas" ficam esquecidas mas, porque o râguebi deve ser para todos, independentemente da sua situação socioeconómica, o Sporting criou um “Banco Solidário de Chuteiras” que pretende “promover uma democratização do acesso à prática desportiva”.

A ideia partiu de João Telhada. Pai de um atleta de râguebi e director dos Sub-12 do Sporting, este professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa sentiu na pele os dois lados do problema. No papel de progenitor, percebeu que “no espaço de um ano” é necessário “substituir duas vezes o calçado”; como responsável por uma equipa juvenil, deparou-se com crianças cujos país nem sempre têm capacidade financeira para acompanhar o ritmo de crescimento dos pés dos filhos.

Dessa forma, João Telhada, lançou um repto aos familiares dos jovens “leões”: “Falámos com os pais para fazerem a recolha de calçado que já não estivesse a ser utilizado, mas que se mantivesse em boas condições para ser cedido a atletas que manifestem dificuldades na sua aquisição". Como alternativa, foi-lhes pedido que vendessem "a preços simbólicos.”

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O desafio, garante João Telhada, foi muito bem recebido e já é um sucesso. Embora o projecto ainda esteja “numa fase embrionária, já houve um contributo excepcional”. “As pessoas têm reagido positivamente e têm contribuído”, adianta o professor universitário. O Sporting já recolheu “dezenas de chuteiras”, agora emprestadas a “miúdos que querem experimentar jogar râguebi”, o que ajuda bastante “nesta altura do ano, quando o terreno fica pouco adequado para um calçado comum”. Porém, algumas chuteiras já ganharam novos donos e foram oferecidas a jovens carenciados, recrutados pelo Sporting em bairros sociais da região de Lisboa.

Apesar de o projecto “Banco Solidário de Chuteiras” ainda estar a dar os seus primeiros passos, esta é “uma ideia com valor”, que os responsáveis sportinguistas “não querem deixar morrer”. A meta seguinte já está definida: Embora até ao momento apenas tenham existido “contactos informais com outros clubes”, o objectivo do Sporting é alargar o projecto “a toda a modalidade para permitir que mais miúdos possam praticar râguebi”.

As bases estão, por isso, lançadas. Como a impossibilidade de adquirir um simples par de chuteiras pode significar o fim de um sonho para muitas crianças e os clubes recebem cada vez mais jovens com dificuldades, quem pretender contribuir para o projecto pode fazê-lo contactando o Sporting através do email do departamento juvenil “leonino” (rugby.formacao@sporting.pt). 

Quanto vale um par de chuteiras?