Como a PJ descobre o nome dos mortos
Isto para já não falar dos casos em que o que há para investigar são diferentes peças anatómicas — um agente recorda quando encontraram duas pernas do mesmo corpo em locais muito distintos, “calçava o 42”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Isto para já não falar dos casos em que o que há para investigar são diferentes peças anatómicas — um agente recorda quando encontraram duas pernas do mesmo corpo em locais muito distintos, “calçava o 42”.
Nos casos de homicídios, acontece que os cadáveres sejam propositadamente desfigurados — é mais difícil chegar à autoria do crime se não se sabe quem é o morto.
Por vezes, a PJ abre a investigação quando é chamada ao local de um crime e há um corpo sem identificação. Noutros casos é o Instituto Nacional de Medicina Legal que pede o seu apoio — alguém morreu na rua, de causa natural, por exemplo, o cadáver não foi reclamado, não se sabe quem é, a polícia poderá encontrar uma pista?
Uma fonte da Judiciária, que pediu para não ser identificada, explica que a maior parte dos processos acabam com uma identificação — pedir aos serviços de criminalística uma recolha das impressões digitais e, depois, perguntar aos serviços de notariado se há um registo que corresponda pode ser o primeiro passo. Quando se suspeita que se trata de estrangeiros pode, através da Interpol, enviar-se essas impressões para os serviços dos supostos países de origem.
A recolha de amostras de ADN é outra via. Mas só é útil se houver uma suspeita que permita comparar a amostra recolhida do cadáver com a de um alegado familiar.
Mas também há processos que nunca chegam a bom porto. Muitos deles vão para a uma lista que a PJ tem no seu site na Internet onde é possível ver fotografias potencialmente chocantes de corpos que até hoje não têm um nome. São 69 os que actualmente se encontram no site. Para muitos há informação deste tipo: “Local Onde Foi Encontrado: Estrada Nacional n.º 18, junto à CERCIBEJA em Beja. Encontrado em: 22.11.2009. Origem: Europa (Sul). Sexo: Masculino. Altura: 1,72. Cabelo e Pelos Faciais: cabelo grisalho ruivo e bigode ruivo. Olhos: verdes. Peso: 100. Sinais Particulares: Apresenta uma cicatriz antiga de apendicecotomia na fossa ilíaca direita, cicatrizes antigas na face anterior do joelho direito e presença de lesão antiga na face interna da coxa esquerda, no terço inferior.”
Quem tiver informações deve contactar a PJ, pede-se nos diferentes casos. Alguns dos corpos da lista estão à espera de pistas desde 2002.