O caminho para o Rio de Janeiro
Os “Lobos“ têm uma excelente oportunidade para poder representar a única modalidade amadora colectiva nos Jogos Olímpicos
Talvez poucos se tenham apercebido de que efectivamente a Selecção Nacional de Sevens, deu, na Austrália, o primeiro passo no caminho para um eventual apuramento para os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro.
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Talvez poucos se tenham apercebido de que efectivamente a Selecção Nacional de Sevens, deu, na Austrália, o primeiro passo no caminho para um eventual apuramento para os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro.
Na verdade ao integrar – pelo terceiro ano consecutivo e por mérito próprio – o Grupo das Selecções Residentes, no Circuito Mundial de Sevens, a Selecção Nacional é uma das quinze candidatas aos quatro primeiros lugares que no final garantem a presença directa nos Jogos Olímpicos. Independentemente de se acreditar, ou não, nessa possibilidade, a verdade é que, sendo um cenário de muito difícil concretização, não deixa de evidenciar a realidade de sermos uma das três Selecções europeias com essa possibilidade.
Conhecendo-se as ambições e objectivos das Selecções Inglesa e Francesa apostando assumidamente num apuramento directo, percebe-se melhor da real legitimidade das aspirações dos “Lobos“.
Não é obra do acaso este invejável posicionamento da Selecção Nacional. Quem, de forma séria e independente, quiser reler o Plano Estratégico 2010/2015 da FPR, encontrará facilmente as respostas.
Houve desde então, e está a haver, uma aposta muito evidente nos Sevens. De facto, depois de no passado recente, o “campeonato nacional” de Sevens se resumir, e decidir, num único fim-de-semana, passou-se a organizar um Circuito Nacional com cinco etapas que, embora se reconheça uma progressiva melhoria, a sua qualidade competitividade está longe do nível exigível tendo como referência os padrões das competições internacionais em que competimos.
Por outro lado, passou a haver uma Academia de Sevens com uma preparação específica, treinos e treinadores diferenciados e, por vezes, autónomos da Selecção de XV, com a criação de condições infraestruturais e materiais bem melhores do que as que havia nos anos em que - com muito mérito, mas num enquadramento completamente diferente -“tradicionalmente” conseguíamos títulos europeus, o que hoje seria absolutamente improvável.
Paralelamente iniciaram-se, também, competições nacionais para os escalões mais jovens e para as raparigas, até então praticamente inexistentes, o que poderá justificar os bons resultados conseguidos na Selecção dos Sub-19, com um honroso quarto lugar no Campeonato da Europa, e um inédito sexto lugar das raparigas – a melhor classificação de sempre - também elas a responderem excelentemente aos novos apoios e condições de trabalho que nunca lhe tinham sido proporcionados. Uma evolução extraordinária.
Longe de se conseguir oferecer condições materiais próximas das que beneficiam as nossas Selecções concorrentes, quer em termos do Circuito Mundial quer do Campeonato Europeu, os apoios do Comité Olímpico de Portugal e do IPDJ têm sido absolutamente determinantes tal como os sucessivos “votos de confiança” da International Rugby Board e do Rugby Europe que, além dos indispensáveis apoios materiais, nos têm escolhido para realizar, em Portugal, importantes Competições, nomeadamente, o Campeonato do Mundo (Universitário), no Porto, o Torneio de Apuramento para o Campeonato do Mundo, no Algarve e o Campeonato da Europa de Sub-19, em Lisboa, só para referir competições de Sevens.
Por isso, os cinco pontos conquistados na Austrália podem ter sido o início de uma longa caminhada que, passará por uma época intensa e demorada, muitíssimo exigente já que depois de terminado o Circuito Mundial, em Maio, os “Lobos”, em princípio, disputarão o Campeonato da Europa - onde só o primeiro lugar permitirá o acesso directo aos Jogos Olímpicos – depois do que apenas restará um último lugar que será atribuído à Selecção vencedora de um Torneio de Repescagem, a realizar a nível mundial.
Embora todos reconheçamos as enormes dificuldades ninguém pode ignorar que os “Lobos“ têm uma excelente oportunidade para poder representar a única modalidade amadora colectiva, nos Jogos do Rio.
É com esse propósito que continuaremos a procurar criar as melhores condições para que os nossos jogadores e jogadoras possam dar resposta às grandes dificuldades que irão encontrar sabendo-se à partida que competirão em condições de desigualdade com Selecções totalmente profissionalizadas, suportadas em orçamentos milionários, para nós inatingíveis, mas que, como no passado recente, saberão ultrapassar, com competência, dedicação e muito trabalho.
Com a promoção dos Sevens a modalidade olímpica, tudo se modificou. Como era expectável todos os países, talvez com a excepção da Irlanda e da Itália, passaram a dar uma importância diferente a esta “variante” nela investindo somas importantes, com a profissionalização dos seus jogadores o que, obviamente, aumentou extraordinariamente a competitividade das equipas, “impedindo” que, em termos europeus, Portugal pudesse continuar a manter uma hegemonia, só possível, por um lado, pela grande dedicação e qualidade dos jogadores e do jogo que apresentávamos, mas também, há que reconhecê-lo, porque os países mais poderosos da modalidade, não lhe conferiam a mesma importância.
A verdade é que “partimos” à frente. A verdade é que continuamos no grupo dos melhores. A verdade é que melhorámos as condições de trabalho e de incentivos comparativamente com anos anteriores.
É verdade que vamos continuar a trabalhar com dois objectivos muito claros: mantermo-nos como Selecção Residente no Circuito Mundial e conquistar um lugar nos Jogos Olímpicos. Ninguém, com bom senso e conhecimento da realidade, pode achar que se trata apenas de uma fantasia, da mesma forma que ninguém ignora da tremenda dificuldade que teremos para o conseguir. Não será por falta de querer e de total empenhamento.
A esperança e a confiança nunca deixarão de nos acompanhar nesta campanha fantástica. Confiamos.