Polícia impediu extremistas judeus de chegarem ao Pátio das Mesquitas

Netanyahu reafirmou ao rei da Jordânia que não há intenção de modificar as regras que proíbem judeus de rezarem no lugar que também veneram.

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O lufar disputado que extremistas judeus querem controlar Ammar Awad/Reuters

Um repórter da AFP informou que os manifestantes, jovens na sua maior parte, foram bloqueados pela polícia antes de chegarem ao local, junto ao Muro das Lamentações. “Nós somos os legítimos proprietários. Eles [os muçulmanos] são apenas usurpadores”, disse um antigo deputado, Michael Ben Ari.

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Um repórter da AFP informou que os manifestantes, jovens na sua maior parte, foram bloqueados pela polícia antes de chegarem ao local, junto ao Muro das Lamentações. “Nós somos os legítimos proprietários. Eles [os muçulmanos] são apenas usurpadores”, disse um antigo deputado, Michael Ben Ari.

“A mesquita será queimada e o templo reconstruído”, gritaram manifestantes citados pelo jornal israelita Yediot. A sua intenção era também rezar pela recuperação de Yehuda Glick, um activista gravemente ferido numa tentativa de assassínio, na semana passada. Glick tem feito campanha por um maior acesso de judeus ao Monte do Templo – podem lá entrar, mas não rezar.

Um cartaz em que se apelava à concentração dizia: “Queremos um verdadeiro Estado judeu. Queremos ver o Templo [reconstruído] no Monte do Templo. Queremos ver Jerusalém reconstruída”.

Lugar sagrado do Islão, o Pátio das Mesquitas – a que os muçulmanos chamam Nobre Santuário – está no espaço do templo judeu destruído pelos romanos no ano 70, e do qual resta apenas como vestígio o Muro das Lamentações.

A convocação da marcha foi vista com preocupação, devido aos incidentes e confrontos que se têm sucedido em Jerusalém nos últimos meses, e que se intensificaram nas últimas semanas. Desde Julho, nove pessoas foram mortas, entre elas quatro presumíveis autores de ataques.

O dia de quarta-feira foi marcado por incidentes e episódios violentos, que fizeram subir a tensão. Dezenas de judeus ultra-religiosos dirigiram-se ao Pátio das Mesquitas reclamando o direito a ali rezarem. Segundo testemunhas citadas pela AFP, polícias israelitas entraram alguns metros no interior da mesquita de Al-Aqsa.

Mais tarde, manifestantes árabes atiraram pedras e fogo-de-artifício contra polícias israelitas, na entrada do Pátio das Mesquitas reservada a não-muçulmanos. Horas depois, um palestiniano lançou o carro contra uma plataforma de metro de superfície, matando uma pessoa e ferindo 13, antes de ser morto pelas forças de segurança. Foi o segundo caso do género em três semanas.

Depois disso, na Cisjordânia, num episódio aparentemente semelhante, três soldados israelitas foram feridos por um automóvel, um deles com gravidade. O condutor entregou-se mais tarde, negando ter-se tratado de um atentado e afirmando que perdera o controlo da viatura. Noite dentro, sucederam-se confrontos entre palestinianos e a polícia israelita, que ergueu barreiras em bairros de Jerusalém Oriental e deteve mais de uma dúzia de pessoas.

A subida de tensão e as preocupações dos muçulmanos levaram o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a voltar a afastar, como tem feito, qualquer intenção de modificar as regras que proíbem aos judeus rezarem no Pátio das Mesquitas. Fê-lo nesta quinta-feira num encontro com o rei da Jordânia, Abdallah II. É a Jordânia, que tem um tratado de paz com Israel, que gere aquele espaço.

O receio da Jordânia, e dos muçulmanos, é que Netanyahu, que lidera uma frágil coligação, ceda às pressões dos extremistas e – para não dar espaço à extrema-direita – permita que os judeus possam rezar no Pátio das Mesquitas. O chefe do Governo israelita e o rei da Jordânia “apelaram ao fim imediato de todos os actos de violência e de incitamento à violência” – segundo informação do gabinete de Netanyahu.