Aulas de compensação vão recair sobretudo nas disciplinas com exame este ano lectivo
Os representantes das associações de directores explicam que a opção não está relacionada com a falta de recursos, mas na incapacidade dos alunos para suportarem um aumento da carga lectiva semanal.
“Neste momento não faz sentido estarmos a falar de situações ideais, mas da solução possível”, diz Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDEP). E o possível é dar especial atenção aos alunos que estão em fim de ciclo (4.º, 6.º e 9.º anos) e com exames às disciplinas de Português e Matemática, no básico; e, no secundário, aos estudantes do 11.º e 12.º, àquelas duas disciplinas e outras em que, conforme os cursos, têm exames (como, por exemplo, Física e Química, Biologia e Geologia, Geografia ou História).
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“Neste momento não faz sentido estarmos a falar de situações ideais, mas da solução possível”, diz Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDEP). E o possível é dar especial atenção aos alunos que estão em fim de ciclo (4.º, 6.º e 9.º anos) e com exames às disciplinas de Português e Matemática, no básico; e, no secundário, aos estudantes do 11.º e 12.º, àquelas duas disciplinas e outras em que, conforme os cursos, têm exames (como, por exemplo, Física e Química, Biologia e Geologia, Geografia ou História).
Para justificar as limitações, Filinto Lima dá como exemplo o caso de três turmas de 6.º ano que no agrupamento de escolas que dirige, em Gaia, estiveram sem professor de Português, e também a outras disciplinas, até à semana passada: “Mesmo com mais 50 minutos por semana a Português, o que já representa um enorme sacrifício para os alunos, o número de aulas só ficará reposto no final de Maio”, contabilizou.
Na sua perspectiva, “as crianças não suportariam mais tempos lectivos por semana”. Uma opinião é partilhada por Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que sublinha que “basta olhar para a mancha horária dos alunos para se perceber que não há onde colocar as horas extra”.
A solução, tanto no agrupamento de Gaia como no de Cinfães, este dirigido por Manuel Pereira, passa, por isso, pela ocupação, com aulas, de tempos destinados ao apoio a alunos com mais dificuldades que, por sua vez, deixam de beneficiar daquela ajuda.
No caso das disciplinas sem exame este ano lectivo (ou em que aquele não existe), explicam ambos, caberá aos professores analisar os programas a curto e a médio prazo, e delinear estratégias. Uma delas pode ser destinar mais tempo a conteúdos que sejam importantes para a compreensão de outros, que tenham continuidade em anos posteriores, concordam os dirigentes da ANDE e da ANDAEP.
Eduardo Lemos, que preside ao Conselho das Escolas (um órgão consultivo do Ministério da Educação e Ciência) e dirige a Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, apoia e adopta as mesmas estratégias, “como um mal menor”. “Nas escolas em que faltaram mais professores e, por coincidência, nas mesmas turmas, é impensável fazer compensação em todos os casos e com o mesmo números de horas em falta”, considera.
Sublinha ainda que, “se esta solução não é satisfatória, também é verdade que nenhuma o seria, dadas as circunstâncias”. “Jamais estas crianças estarão em completas condições de igualdade em relação aos colegas que iniciaram o ano com o quadro docentes completo – há um ritmo próprio de aprendizagem, que não é recuperável”, disse. Esta posição foi defendida, também, por especialistas ouvidos há algumas semanas pelo PÚBLICO que, no entanto, contestaram o aumento de aulas por semana e defenderam a colocação de dois professores nas salas de aulas.
O facto de não tencionarem repor todas as aulas faz com que os recursos de algumas escolas sejam, em muitos casos, suficientes ou quase, concordam os três directores. “É um esforço enorme de organização, mas em muitas situações é possível recorrer a professores que estavam com horários incompletos e ao crédito horário das escolas”, precisou Eduardo Lemos.
Nos restantes casos, os directores contam com o apoio do Governo. O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, Fernando Egídio Reis, garantiu há uma semana à TSF que “dentro dos limites, naturalmente, daquilo que é o sensato e o equilibrado” o Ministério da Educação e Ciência tem margem financeira para responder aos pedidos. Estes ainda estão a ser efectuados, disse Manuel Pereira, que esta quinta saberá se a sua escola vai ou não precisar de pagar horas extraordinárias a professores. No seu agrupamento, em Cinfães, só esta semana o quadro de docentes ficou completo; e na Secundária Eça de Queirós ainda não tinham sido colocados, esta terça-feira, dois professores (com horário incompleto), que estão em falta desde o início do ano lectivo.