Bill Waterson desenha cartaz para Angoulême, apesar de não participar no festival

Nesta curta história não há Calvin & Hobbes mas há um homem e o seu cão.

Foto
Cartaz da edição 2015 DR

Seria de esperar que, à semelhança do que acontece todos os anos, o premiado em Angoulême, um dos festivais mais importantes do calendário da BD mundial, se envolva na organização da edição seguinte do festival. Bill Waterson deveria presidir à edição 2015. Não se pode dizer, no entanto, que é surpreendente a decisão do cartoonista norte-americano de não participar no evento. Desde 1995 que são raras as presenças públicas de Waterson, que se tornou um nome de culto com as aventuras de um miúdo de seis anos e do seu tigre de peluche (que para ele tem vida).

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Seria de esperar que, à semelhança do que acontece todos os anos, o premiado em Angoulême, um dos festivais mais importantes do calendário da BD mundial, se envolva na organização da edição seguinte do festival. Bill Waterson deveria presidir à edição 2015. Não se pode dizer, no entanto, que é surpreendente a decisão do cartoonista norte-americano de não participar no evento. Desde 1995 que são raras as presenças públicas de Waterson, que se tornou um nome de culto com as aventuras de um miúdo de seis anos e do seu tigre de peluche (que para ele tem vida).

Ao jornal francês 20 Minutes, parceiro do festival de Angoulême, Bill Waterson, de 56 anos, disse que “o universo dos festivais e os seus prémios estão muito longe” das suas preocupações diárias. “Mas sinto-me sempre lisonjeado por saber que continuam a apreciar os meus trabalhos”, continuou o actor numa rara e curta entrevista, explicando então que a sua participação no festival — que arranca a 29 de Janeiro — se limita ao cartaz e ainda ao envio de algumas pranchas para uma exposição a si dedicada.

Sobre o cartaz desenhado, no qual os protagonistas não são Calvin e Hobbes mas sim um homem e um cão, Bill Waterson diz ter acedido ao pedido da organização de Angoulême por considerá-lo um desafio.

“Procurei evocar o meu próprio trabalho, e por isso desenhei uma prancha sobre a leitura das tiras que vêm nos suplementos dos jornais de domingo nos Estados Unidos”, conta o cartoonista, explicando ter desenhado o cartaz como se se tratasse exactamente de uma página de jornal. “Para que tudo isto fosse mais universal, apaguei todo o diálogo, portanto acabei com a barreira linguística. Contar uma história unicamente em imagens é uma das grandes forças — e dos grandes prazeres — que a banda desenhada oferece.”

Bill Waterson respondeu ainda que Calvin e Hobbes não foram uma opção para o cartaz porque não se trata de promover o seu trabalho, mas a banda desenhada no seu todo.

Calvin & Hobbes, série que publicou entre 1985 e 1995, é a obra-prima do cartoonista e com ela vendeu mais de 30 milhões de livros. Foi distribuída e publicada em 2400 jornais, entre os quais, em Portugal, o PÚBLICO e, agora, o diário Correio da Manhã.

Retirado há mais 20 anos, desde que decidiu deixar de desenhar, este cartaz é dos raros trabalhos do norte-americano. Ainda este ano, soube-se que Waterson desenhou três tiras da série Pearls Before Swine, do cartoonista Stephan Pastis, sem assumir a autoria.