Quando a praxe significa plantar uma árvore
“Biologia a plantar o futuro” é uma iniciativa que visa a recuperação das florestas portuguesas, pela mão dos caloiros do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro
A plantação de árvores com os caloiros na Mata do Buçaco já se realiza há vários anos, mas o projecto foi alargado. Em Setembro durante o planeamento das actividades de integração dos estudantes foi atribuída uma árvore a cada caloiro do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), para que cada aluno crie uma ligação com a árvore até ao dia 29 de Novembro, momento em que a vai plantar na Mata do Buçaco.
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A plantação de árvores com os caloiros na Mata do Buçaco já se realiza há vários anos, mas o projecto foi alargado. Em Setembro durante o planeamento das actividades de integração dos estudantes foi atribuída uma árvore a cada caloiro do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), para que cada aluno crie uma ligação com a árvore até ao dia 29 de Novembro, momento em que a vai plantar na Mata do Buçaco.
A ideia para o projecto “Biologia a plantar o futuro” partiu da Comissão de Faina de Biologia em parceria com a Unidade de Vida Selvagem, o Herbário do Departamento de Biologia da UA, Fundação Mata do Buçaco e está a ser realizada no âmbito do Projecto Life + BRIGHT (Bussaco’s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats). Esta iniciativa, financiada por fundos comunitários, tem como objectivo combater as espécies exóticas invasoras, uma das principais ameaças ao património natural único da Mata e destina-se aos alunos do 1º ano da Licenciatura em Biologia da UA.
Apadrinhar individualmente um carvalho-alvarinho (“Quercus robur”) é o mote desta praxe, que pretende fomentar desde cedo uma ligação entre a terra e os futuros biólogos. “Entregar árvores para criar ligação com os seus “cuidadores” num contexto de praxe é algo inovador e nunca visto em Portugal”, explica Milene Matos, bióloga e investigadora no Departamento de Biologia da UA, ao P3.
Um carvalho por caloiro
A escolha do carvalho-alvarinho deve ao facto de se tratar de uma árvore resistente, capaz de aguentar o tempo que os alunos a tiverem em casa, fácil de propagar e por ser uma espécie a preservar nativa da região. “O carvalho-alvarinho é uma das espécies da nossa floresta original, sendo já raras as manchas de carvalhal bem conservado”, sublinha Milene Matos.
Cada caloiro tem de cuidar durante mais de um mês da sua planta como se de um filho se tratasse, para que no final da actividade a árvore esteja pronta a ser transplantada para a Mata do Buçaco.
Neste contexto um aluno criou uma página no Facebook para o Álvaro, o seu carvalho-alvarinho. “Eu sou uma planta bastante jovem, fui recentemente adoptada por um estudante da UA, que me acolheu com todo o amor e carinho, e que vai tratar de mim nos próximos tempos, para depois me utilizar na reflorestação da mata do Buçaco. É graças a estas praxes que eu aqui estou”, conta a descrição que está presente na página da árvore.
De acordo com a investigadora, ao ter uma planta florestal em casa, o aluno vai criar uma ligação com ela. Ao sentir a árvore como sua, quando a plantar na Mata do Buçaco vai criar uma ligação muito mais forte com o local e com a natureza em geral, do que aconteceria numa típica acção de plantação. Estão a ser criados desafios no Facebook da iniciativa "Biologia a plantar o futuro" para acimentar a ligação dos alunos com o carvalho-alvarinho, o primeiro desafio foi "Apresenta-te aos teus amigos" e o segundo "Vai descobrir a cidade", no qual os alunos foram desafiados a levar a respectiva àrvore a passear e a fotografá-la tendo a cidade como pano de fundo.
Sensibilização e aproximação à natureza é o principal objectivo desta iniciativa, que pretende incentivar os alunos desde cedo para a preservação da floresta, principalmente das espécies nativas. Toda a experiência será consolidada no Sement Event, um evento público anual do projecto BRIGHT, que assinala o Dia da Floresta Autóctone a 23 de Novembro, no qual os alunos terão um contacto mais profundo com o projecto e com as acções de conservação e investigação em curso.
Mais do que uma actividade de integração é uma praxe com causa social, que em questões de sensibilização ambiental e preservação das florestas.