Ucrânia reforça dispositivo militar em cidades-chave para evitar ataques de separatistas

Na resposta às eleições em Donetsk e Lugansk, governo de Kiev admite isolar militar e economicamente zonas sob controlo rebelde e revogar “estatuto especial”.

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Poroshenko, na reunião do conselho de segurança e defesa GENYA SAVILOV/AFP

A posição ucraniana foi anunciada por Poroshenko na reunião do conselho de segurança e defesa desta terça-feira, sobre situação em Donetsk e Lugansk, onde separatistas realizaram no domingo eleições que o líder ucraniano considera uma “violação grosseira” do cessar-fogo e do memorando para a paz acordados em Setembro.

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A posição ucraniana foi anunciada por Poroshenko na reunião do conselho de segurança e defesa desta terça-feira, sobre situação em Donetsk e Lugansk, onde separatistas realizaram no domingo eleições que o líder ucraniano considera uma “violação grosseira” do cessar-fogo e do memorando para a paz acordados em Setembro.

 “Várias novas unidades e grupos foram formados, o que permitirá contrariar uma eventual ofensiva” contra Mariupol, Kharhov, Berdiansk e o Norte da região de Lugansk – disse.

Por causa das eleições de domingo – em que os separatistas elegeram como “presidentes” Alexander Zakharchenko, em Donetsk, e Igor Plotnitski em Lugansk –  as autoridades de Kiev querem fazer “correcções”  aos acordos assinados em Minsk, que reduziram a intensidade dos combates mas não acabaram com um conflito que já custou mais de 4000 vidas, desde Abril.

Poroshenko referiu-se concretamente à intenção de isolar militar e economicamente as zonas sob controlo rebelde. “Somos forçados a isolar em certa medida esses territórios, a fim de não permitir que esse cancro se estenda”, declarou, citado pela AFP.

As autoridades de Kiev poderão reforçar os controlos nas áreas vizinhas dos territórios rebeldes e interromper a distribuição de gás e electricidade, explicou o Presidente. Está igualmente prevista a revogação do “estatuto especial” das regiões separatistas, visto como um primeiro passo para garantir a Donetsk e Lugansk uma autonomia que seria discutida no processo de paz.

A Aliança Atlântica, NATO, acusou entretanto a Rússia de movimentar tropas junto à fronteira e de continuar a apoiar os rebeldes. “A Rússia continua a apoiar os separatistas, treinando-os, fornecendo-lhes equipamento e apoiando-os, tendo também forças especiais no interior de zonas do Leste da Ucrânia”, disse o secretário-geral, Jens Stoltenberg.

As declarações de Stoltenberg foram feitas numa conferência de imprensa com a nova chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, para quem os escrutínios em Donetsk e Lugansk criaram o “risco” de “fazer perder uma ocasião” para negociar a paz. “O principal risco que vejo é de fazer perder uma ocasião para o diálogo interno, mas também para o diálogo com a Rússia”, disse.

Também o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, considera as eleições nas áreas controladas por separatistas como “infelizes” e “contraprodutivas”  e apelou ao respeito pelo “espírito do protocolo e do memorando de Minsk”, estabelecido entre a Ucrânia e os separatistas, com a participação da Rússia e da OSCE (Organização para a Cooperação e Segurança na Europa).

Em Moscovo, o Dia da Unidade Nacional, habitualmente marcado pelo desfile de ultra-nacionalistas anti-Putin teve esta terça-feira como ponto alto, segundo as agências noticiosas, uma manifestação “patriótica” organizada em apoio do Presidente e da sua política para a Ucrânia. Mais de 75 mil pessoas, de acordo com a polícia, desfilaram com bandeiras da Rússia e símbolos dos separatistas pró-russos. Chegou a admitir-se que Putin estivesse presente e falasse das eleições de domingo, mas o Presidente não participou no desfile.