Mitch McConnell perto de alcançar o sonho de uma vida
O seu ar distante e de permanente preocupação levou a jornalista do The New York Times Gail Collins a descrevê-lo como “um homem com o carisma natural de uma ostra”, uma imagem que parece contradizer a real importância das aparências na política.
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O seu ar distante e de permanente preocupação levou a jornalista do The New York Times Gail Collins a descrevê-lo como “um homem com o carisma natural de uma ostra”, uma imagem que parece contradizer a real importância das aparências na política.
Eleito senador do Kentucky cinco vezes consecutivas, McConnell enfrenta este ano uma dura batalha contra a candidata do Partido Democrata, a jovem Alison Lundergan Grimes, de 35 anos. Ainda assim, apesar do investimento democrata para o afastar do Senado, McConnell parece estar cada vez mais perto de destronar o senador democrata Harry Reid na liderança da câmara alta do Congresso norte-americano - na corrida pela reeleição no Kentucky, o The Washington Post dá-lhe entre 85% e 99% de probabilidades de vencer, e o Partido Republicano também está cada vez mais perto de conquistar a maioria no Senado.
A pergunta “O que fará Mcconnell como líder da maioria” é de resposta muito difícil. Questionado sobre este assunto ontem, durante uma acção de campanha em Madisonville, no Kentucky, a breve resposta não poderia ser mais cinzenta: “O nosso primeiro objectivo será perceber se há assuntos em que podemos chegar a acordo com o Presidente.”
A tornar-se realidade, a liderança do Senado será o maior teste da sua longa carreira política. Para além de cultivar um maior distanciamento em relação ao Presidente Barack Obama do que o actual líder da Câmara dos Representantes, o também republicano John Boehner, McConnell é visto como uma das principais faces daquilo a que o Partido Democrata chama “obstrucionismo” - em 2010, em declarações à revista National Journal, deixou uma frase que ajuda a dar força a essa ideia: “O objectivo mais importante que queremos alcançar é que o Presidente Obama desempenhe apenas um mandato.”
Se vier a ocupar o cargo de líder da maioria do Senado a partir de Janeiro, McConnell terá dois desafios pela frente: por um lado, tentar provar aos eleitores norte-americanos que o Congresso e a Casa Branca podem co-existir para além dos formalismos; por outro lado, manter pressão sobre o Presidente Obama para acalmar a ala liderada pelo senador Ted Cruz, um potencial candidato às eleições presidenciais em 2016 que vai fazer tudo para virar o partido um pouco mais à direita. O título de uma notícia da CNN, publicada ontem, resume o ambiente que espera McConnell no interior do seu próprio partido: “Ted Cruz está determinado a fazer a vida negra a Mitch McConnell.”