Taylor Swift abandona o Spotify quando está prestes a bater recorde de vendas

Artista responsabiliza serviços de streaming por quebra nas vendas.

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Taylor Swift estás prestes a bater Britney Spears, que tem o recorde de vendas com Oops! … I Did It Again Reuters

1989, o quinto disco de Taylor Swift, celebridade pop de grande impacto nos Estados Unidos, chegou às lojas no passado dia 27 de Outubro, mas no Spotify não surgiu nem pista do trabalho. A situação não gerou grande discussão, uma vez que já em 2012, quando editou Red, este só chegou ao Spotify meses depois do lançamento numa acção que pretendeu dar um tempo de exclusividade às vendas do disco.

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1989, o quinto disco de Taylor Swift, celebridade pop de grande impacto nos Estados Unidos, chegou às lojas no passado dia 27 de Outubro, mas no Spotify não surgiu nem pista do trabalho. A situação não gerou grande discussão, uma vez que já em 2012, quando editou Red, este só chegou ao Spotify meses depois do lançamento numa acção que pretendeu dar um tempo de exclusividade às vendas do disco.

Tudo parecia indicar que a táctica se repetiria este ano não fosse o anúncio inesperado desta segunda-feira. Swift, de 24 anos, não só não vai disponibilizar o seu novo trabalho como decidiu em conjunto com a sua editora, Big Machine, retirar todo o seu catálogo do serviço de streamingà semelhança do que já tinha feito, por exemplo, Thom Yorke, o líder dos Radiohead. Não houve, porém, uma explicação, embora em Julho, num artigo de opinião publicado no Wall Street Journal, a cantora já antecipava que 1989 poderia não chegar ao Spotify nem a qualquer outro serviço de streaming.

“A pirataria, a partilha de ficheiros e o streaming encolheram drasticamente os números de discos pagos”, escreveu então a artista num artigo de análise à indústria discográfica. “A música é arte e a arte é importante e rara. Coisas importantes e raras são valiosas. Coisas valiosas devem ser pagas por isso. A minha opinião é a de que a música não devia ser gratuita”, lê-se no artigo, no qual Taylor Swift prevê que no futuro os artistas e as editoras trabalhem em conjunto na decisão do preço de um disco. “Espero que não subestimem ou desvalorizem a arte.”

Este argumento vai ao encontro da crítica de que o Spotify paga pouco aos artistas que disponibilizam as suas canções no serviço. O pagamento é feito em função de cada música que é ouvida, e do tipo de serviço subscrito, gratuito ou pago. Cada stream vale menos de um cêntimo. Quanto mais audições, maior será a receita.

Ainda no ano passado, David Byrne criticava num artigo de opinião publicado no The Guardian este modelo de negócio, defendendo que apenas serve aos artistas já instituídos, marginalizando os emergentes. “No futuro se os artistas dependerem exclusivamente das receitas geradas por esses serviços ficarão sem trabalho rapidamente", argumentava.

A cantora Beyoncé fez o mesmo que Taylor Swift em 2012, ou seja, atrasou a chegada do seu disco ao Spotify para que aqueles que realmente a querem ouvir comprem o disco.

Quem não perdeu tempo a reagir foi o Spotify. Ao contrário de outras polémicas, a equipa do serviço de streaming reagiu quase imediatamente, publicando uma nota a pedir à artista para mudar de ideias e ajudar a empresa “na construção de uma nova economia musical que funcione para todos”.

“Adoramos a Taylor Swift, e os nossos mais de 40 milhões de utilizadores adoram-na ainda mais – quase 16 milhões deles ouviram as suas músicas nos últimos 30 dias e ela está em mais de 19 milhões de playlists”, argumenta a empresa, defendendo que “os fãs devem ser capazes de ouvir música sempre e onde quiserem”. Concordando que os artistas “têm o direito absoluto de ser pagos pelo seu trabalho e de serem protegidos da pirataria”, a equipa do Spotify, como é assinada a nota, garante que a empresa paga “quase 70%” das receitas à comunidade musical (editoras, distribuidoras, artistas).

A empresa vai ainda mais longe e quer tanto convencer a artista a voltar ao seu serviço que criou uma “lista poema”, que esconde em si uma mensagem para Taylor Swift. Começa com Hey, de Red Hot Chilli Peppers, e continua com mais 14 canções, cujos títulos forma a seguinte frase: “Hey Taylor We Wanted To Play Your Amazing Love Songs And They’re Not Here Right Now, We Want You Back With Us And So Do Do Do Your Fans” (Hey Taylor, queremos passar as tuas músicas de amor incríveis e elas já não estão aqui, queremos-te de volta, assim como os teus fãs).

E não será por acaso. Perder Taylor Swift é perder uma campeã de vendas, consequentemente também de streams, que está prestes a bater um recorde com mais de dez anos. Segundo a Billboard, em apenas cinco dias, foram vendidas quase 1,3 milhões de cópias de 1989, o que significa que a americana está muito perto de destronar Britney Spears, que em 2000 se tornou a mulher com mais discos vendidos: Oops! … I Did It Again vendeu 1,319 milhões de exemplares.

Além disso, 1989 poderá tornar-se o disco com maiores vendas na primeira semana nas lojas desde The Eminem Show, o disco de Eminem de 2002, que vendeu em apenas sete dias 1,322 milhões de cópias. Isto tudo num ano em que ainda nenhum álbum nos Estados Unidos conseguiu ser disco de platina, ou seja, ter mais de um milhão de cópias vendidas. Beyoncé aproximou-se, mas Taylor Swift está lá.

Os resultados de Taylor Swift são anunciados nesta quarta-feira, dia 5, mas até à decisão de se retirar do Spotify, a artista tinha já a canção mais ouvida da semana no serviço de streamingShake It Off, o single de avanço de 1989, foi ouvido só nos Estados Unidos cerca de 3,3 milhões de vezes.

A cantora continua sem falar no assunto, nem nos números que está quase a atingir, mostrando-se focada apenas em promover o seu novo trabalho. Nesta terça-feira, preferiu antes anunciar a digressão mundial, que arranca a 20 de Maio em Louisiana e se estende até 31 de Outubro na Flórida. Taylor Swift tem, para já, 57 datas marcadas e nenhuma para Portugal. A Forbes escreve que a jovem de 24 anos deverá arrecadar nesta digressão mais de 200 milhões de dólares (cerca de 147 milhões de euros).