Boko Haram diz ter casado as 200 raparigas raptadas com combatentes islamistas
Um homem que diz ser o líder do grupo diz em vídeo desconhecer o acordo de cessar-fogo que permitiria a libertação das estudantes.
O Exército nigeriano tinha anunciado, há um ano, que tinha morto Abubakar Shekau, bem como um impostor que aparecia em vídeos divulgados pelo grupo islamista fazendo-se passar pelo seu líder. A agência Reuters relata que o vídeo mais recente não permite identificar claramente o homem que faz as alegações sobre o destino das meninas sequestradas (foi filmado à distância), e sobre o acordo de tréguas que facilitaria a sua libertação e que decorreria de um mês de negociações secretas mediadas pelo Chade, país vizinho da Nigéria.
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O Exército nigeriano tinha anunciado, há um ano, que tinha morto Abubakar Shekau, bem como um impostor que aparecia em vídeos divulgados pelo grupo islamista fazendo-se passar pelo seu líder. A agência Reuters relata que o vídeo mais recente não permite identificar claramente o homem que faz as alegações sobre o destino das meninas sequestradas (foi filmado à distância), e sobre o acordo de tréguas que facilitaria a sua libertação e que decorreria de um mês de negociações secretas mediadas pelo Chade, país vizinho da Nigéria.
“Casámo-las e estão todas nas casas dos seus maridos”, garantiu o homem que diz ser o líder do grupo, citado pela agência noticiosa. O mesmo homem alega que as raparigas se “converteram ao Islão, que confessam ser a melhor religião. Ou os seus pais o aceitam e também se convertem ou podem morrer”. A maioria das 200 raparigas raptadas em Abril de uma escola secundária em Chibok, no nordeste do país, era cristã.
O mesmo homem que diz ser Abubakar Shekau nega a existência do acordo de cessar-fogo e denuncia o seu alegado interlocutor, um representante do Boko Haram no Chade. “Quem é que diz que estamos a dialogar ou a discutir com alguém? Estão a falar sozinhos?” Vincando a imagem do Boko Haram, responsável por uma campanha de terror que desde 2010 terá já causado cerca de duas mil mortes na Nigéria, o homem no vídeo garante: “Tudo o que estamos a fazer é chacinar pessoas com facas de mato e a atingir pessoas com armas… o que queremos é guerra”.
Sobre a situação dos reféns, o indivíduo frisa ter na sua posse “um homem branco”. Não é indicado, no entanto, se se trata de um professor alemão raptado por homens armados de uma universidade na cidade de Gombe em Julho. O sequestro nunca foi reivindicado mas pensa-se que esteja associado ao Boko Haram.
Nas últimas semanas, os combatentes do Boko Haram têm perpetrado ataques quase diários e na semana passada passaram a controlar a cidade de Mubi, indica a Reuters, de onde é originário o marechal Alex Badeh, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas nigerianas que anunciou o cessar-fogo em conjunto com o secretário da presidência nigeriana, Hassan Tukur. Esse ataque resultou na morte de dezenas de pessoas e em assaltos a bancos, além do hastear da sua bandeira negra no palácio do Emir, segundo relataram testemunhas citadas pela Reuters. Já na sexta-feira de manhã explodiu um carro armadilhado em Gombe junto a uma paragem de autocarro repleta de pessoas – pelo menos dez delas morreram.
O grupo fundamentalista diz estar a lutar pela instauração de um Estado Islâmico no Norte da Nigéria e pela rigorosa interpretação da lei islâmica, a sharia – em língua haussa, Boko Haram significa “a educação ocidental é pecado”.