Ricardo desenvolveu uma técnica indolor de diagnóstico para o cancro da mama

Vencedor da categoria de mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge 2014, Ricardo Eleutério recebeu dois mil euros para desenvolver o seu projecto. Técnica não invasiva detecta metástases do cancro da mama na região axilar

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Ricardo tem 23 anos e é mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade Nova de Lisboa DR

Com apenas 23 anos, Ricardo Eleutério desenvolveu uma técnica não invasiva e indolor que pode contribuir para o diagnóstico precoce do cancro da mama e, consequentemente, para a “realização de tratamentos mais efectivos” no tratamento desta doença. O engenheiro biomédico venceu a categoria de mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge 2014, entregue esta quarta-feira, 29 de Outubro, no Porto. Com a sua dissertação — “Microwave Imaging of the Axilla to Aid Breast Cancer Diagnosis” —, Ricardo recebeu dois mil euros, que vai aplicar no desenvolvimento e estudo da técnica, “única no mundo”, garante em entrevista ao P3.

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Com apenas 23 anos, Ricardo Eleutério desenvolveu uma técnica não invasiva e indolor que pode contribuir para o diagnóstico precoce do cancro da mama e, consequentemente, para a “realização de tratamentos mais efectivos” no tratamento desta doença. O engenheiro biomédico venceu a categoria de mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge 2014, entregue esta quarta-feira, 29 de Outubro, no Porto. Com a sua dissertação — “Microwave Imaging of the Axilla to Aid Breast Cancer Diagnosis” —, Ricardo recebeu dois mil euros, que vai aplicar no desenvolvimento e estudo da técnica, “única no mundo”, garante em entrevista ao P3.

Usando a imagiologia por micro-ondas, o jovem formado na Universidade Nova de Lisboa (UNL) idealizou uma técnica para ser utilizada na “detecção precoce de metástases do cancro da mama na região axilar”. “Isto porque em cerca de 80% dos casos deste tipo de cancro, as células cancerígenas metastizam para a zona axilar”, contextualiza. Daí que seja “muito importante” verificar se as metástases existem ou não. Segundo Ricardo, o facto de esta ser uma técnica não invasiva “vai ao encontro a uma grande necessidade clínica que existe actualmente”.

Indolor, portátil e de baixo custo são algumas das características da técnica, ainda sem nome, que para já ainda está no papel. “Não só seria uma mais valia para pacientes e médicos — até porque as imagens que dela resultam são de fácil interpretação —, como também pode providenciar bons resultados e (...) aumentar o número de sobreviventes do cancro da mama, que tanto depende da detecção precoce”, explica.

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Anna Pompili e Karen Duarte ficaram em 2.º e 3.º lugares, respectivamente, na categoria de mestrado

O exame “baseia-se nas diferenças dieléctricas entre tecidos que têm células cancerígenas e tecidos saudáveis”. “Devido a estas diferenças, conseguimos distinguir se o tecido tem tumor ou não. Isto com a utilização de micro-ondas, uma radiação com uma frequência baixa que, tanto quanto se sabe, não tem qualquer efeito adverso para a saúde das pessoas”, continua. Na prática, tratar-se-ia de uma “espécie de uma banda” para ser colocada na axila, com “um pequeno aparelho portátil responsável por emitir e receber os sinais”. Por ser de “baixo custo” pode vir a ser utilizada “em países em desenvolvimento”, onde o diagnóstico falha por falta de recursos. “E como é portátil também pode ser usada em áreas remotas: o exame pode até ser realizado em casa dos pacientes.”

Garante Ricardo, natural de Évora, que a técnica foi pela primeira vez mencionada na sua dissertação de mestrado, juntamente com a participação da docente orientadora. “Os resultados dos testes foram promissores e o próximo passo será mesmo desenvolver o equipamento em si e, também, entrar na fase de testes clínicos, para comprovar em pessoas a sua eficácia”, resume o jovem, para quem a “aplicação da tecnologia na saúde” é uma área apaixonante, na qual quer continuar a trabalhar.

O Fraunhofer Portugal Challenge, que se realiza desde 2010, premeia “as ideias de investigação mais inovadoras do país” em duas categorias (mestrado e doutoramento). Nesta edição, e na categoria de mestrado, foram ainda distinguidas Anna Pompili, do Instituto Superior Técnico, com uma plataforma online para o tratamento de doentes afásicos, e Karen Duarte, da Universidade de Coimbra, com um sistema de navegação para cegos. 1000 e 500 euros foi quanto as investigadoras receberam, respectivamente.