Gostas de pedalar? Ovar é o concelho mais amigo das bicicletas
Prémio Nacional da Mobilidade em Bicicleta está nas mãos do concelho que tem uma ecopista entre o mar e a floresta e 130 veículos gratuitos à disposição
Este ano, Ovar é o melhor município para andar de bicicleta. Palavra de quem conhece estes meandros. O Prémio Nacional da Mobilidade em Bicicleta 2014, na categoria Autarquias, foi atribuído pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta ao município que tem 60 quilómetros de ciclovias, uma ecopista entre o mar e a floresta, 130 bicicletas gratuitas em 12 pontos do concelho e que não desiste da ligação à Murtosa e a Espinho.
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Este ano, Ovar é o melhor município para andar de bicicleta. Palavra de quem conhece estes meandros. O Prémio Nacional da Mobilidade em Bicicleta 2014, na categoria Autarquias, foi atribuído pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta ao município que tem 60 quilómetros de ciclovias, uma ecopista entre o mar e a floresta, 130 bicicletas gratuitas em 12 pontos do concelho e que não desiste da ligação à Murtosa e a Espinho.
Basta uma voltinha pelo território para perceber que as pistas traçadas para os veículos de duas rodas, sem grandes inclinações, não têm descanso sobretudo ao fim-de-semana. Há dias em que há mais trânsito nas ciclovias do que no alcatrão reservado aos automóveis. Em 2014, Ovar é o concelho ideal para quem gosta de pedalar.
Para Rui Teixeira Pinto, um utilizador habitual de ciclovias, o prémio é merecido. A bicicleta deste director financeiro de uma empresa, praticante de BTT e membro dos escuteiros de Cortegaça, conhece bem as ciclovias de Ovar. Às terças, quintas e sábados anda acompanhado pelos amigos do BTT, nos restantes dias circula sozinho. “Temos cada vez mais pessoas a procurar o concelho precisamente pelas ciclovias. Foi feito um trabalho muito grande para potenciar a utilização das bicicletas”, refere. Um trabalho que o inspirou para o projecto que candidatou ao orçamento participativo. Rui sugeriu a criação de um centro de BTT. A ideia foi bem recebida, mas a sugestão não foi a mais votada pelos ovarenses. “Era uma forma de dar continuidade a todo este trabalho que tem sido feito”.
Artur Costa também é frequentador assíduo das ciclovias de Ovar que, avisa, “não são apenas utilizadas por ciclistas, mas também por muitos atletas”. A sua bicicleta entra em acção praticamente todos os dias. O prémio é bem-vindo. “É merecido e ficamos satisfeitos com tudo o que é bom para o concelho. Estas ciclovias trazem para cá muita gente de fora do concelho”. Raul Nora, que gosta de pedalar, concorda. “As ciclovias têm boas condições e são uma mais-valia para esta zona, para esta região”. Utiliza-as regularmente, praticamente todos os dias, e sente-se mais seguro nessas pistas do que no meio das estradas. O prémio tem um sabor especial. “É bom ouvir dizer que a nossa cidade ganhou um prémio por este tipo de características”.
Um estímulo
Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar, considera que o prémio é merecido e um factor de motivação. “É um estímulo para, no futuro, tornarmos mais densa a rede de ciclovias”, refere. Há projectos definidos e Ovar, estando numa zona de fronteira, terá nas mãos a responsabilidade de ligar o Norte e o Centro através de ciclovias. A ligação à Murtosa avançará a médio prazo e a ligação a Espinho surge no projecto de requalificação da barrinha de Esmoriz, que terá de estar concluído até final de 2015, de forma a aproveitar fundos comunitários.
A conclusão da Ecopista do Atlântico, que liga Esmoriz e Furadouro ao longo de cerca de 12 quilómetros da estrada da mata, por entre a floresta e bem junto ao mar, foi, na opinião do autarca, um ingrediente importante para a conquista do prémio. Houve cuidados nesta obra, no tipo de materiais usados nessa ecopista cujo enquadramento no cenário natural recorreu ao betão e à madeira. “É um trilho, pela natureza, de uma beleza ímpar, que tem tido um sucesso impressionante. A afluência dos ciclistas é enorme”, refere.
O presidente da Câmara de Ovar, eleito pelo PSD nas últimas autárquicas, não esquece o trabalho feito pelos executivos anteriores, liderados pelo PS, na construção de ciclovias. “Um trabalho meritório, de se lhe tirar o chapéu”. “Estamos a dar continuidade a essa dinâmica”, acrescenta.
O trabalho começou em 2002. José Américo, na altura vereador e agora professor primário, viu que nos passeios do concelho, sem grandes declives, havia espaço que merecia ser aproveitado. O Plano Director Municipal (PDM) estava em revisão, havia assim uma oportunidade técnica, e a ideia das ciclovias acabaria por surgir. Era necessário conhecer bem o terreno que foi palmilhado a pé vezes sem conta pelo então vereador e pelos técnicos da autarquia. Do papel o projecto passou para o terreno e, quanto mais espaço se arranjava para as bicicletas, mais vontade havia de aumentar esses circuitos. “Os primeiros desenhos surgiram na zona da escola primária de Oliveirinha”, recorda.
O facto de ter vários pelouros sob a sua alçada - planeamento, ambiente, trânsito, obras municipais e particulares – também ajudou a concretizar a ideia, que se alicerçou num trabalho de equipa. “Criámos uma verdadeira rede”. E hoje, 12 anos depois, não fica indiferente ao que vê. “Dá-me um prazer enorme ver tanta gente a circular”. O prémio também lhe sabe bem e faz-lhe lembrar várias pessoas, sobretudo técnicos e funcionários da autarquia, que acreditaram que era possível criar uma rede para quem gosta de pedalar. “Pessoas que estiveram na luta com ideias”, diz. Como vereador acompanhou de perto a génese das ligações que ainda estão por fazer, a Murtosa e a Espinho, que, em seu entender, serão a “cereja em cima do bolo” deste projecto que tem mais quilómetros pela frente.