Marcelo responde a Passos e diz que ataque a comentadores "é o caminho do fim"
Ex-líder do PSD avisa que ou o Governo “dá a volta” em termos de discurso, de propostas e de imagem ou então não haverá dinâmica.
Considerando que Pedro Passos Coelho se estava a referir aos comentadores económicos, o professor e comentador da TVI declarou que “os políticos quando estão a fazer politica - eu já passei por essa experiência- e estão a ser zurzidos sobretudo quando as coisas não correm bem - e agora não estão a correr bem nestes tempos de crise -, o que acontece é que levam muita pancada, pancada, pancada e às tantas têm assim uma espécie de quase volúpia de dizer: que diabo já levámos muita pancada, agora é a vez de nós batermos nos comentadores”.
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Considerando que Pedro Passos Coelho se estava a referir aos comentadores económicos, o professor e comentador da TVI declarou que “os políticos quando estão a fazer politica - eu já passei por essa experiência- e estão a ser zurzidos sobretudo quando as coisas não correm bem - e agora não estão a correr bem nestes tempos de crise -, o que acontece é que levam muita pancada, pancada, pancada e às tantas têm assim uma espécie de quase volúpia de dizer: que diabo já levámos muita pancada, agora é a vez de nós batermos nos comentadores”.
No seu habitual comentário político de domingo à noite da TVI, Marcelo considerou que este ataque aos comentadores e jornalistas decorre da dúvida quanto ao futuro que paira nos dois partidos que sustentam o actual Governo. “Num momento em que, de facto, nas hostes do PSD e do CDS circula uma certa dúvida sobre como vai ser o futuro, há um número que é (...) numa reunião fechada [Jornadas Parlamentares conjuntas dos dois partidos este sábado em Lisboa] com deputados dizer: 'amigos, os maus são aqueles que batem em nós' e aí os aplausos são frenéticos, são frenéticos porque as pessoas querem ouvir qualquer coisa que explique o que é que se está a passar. A culpa não é do Governo não é da imagem o Governo, não é da gestão política do Governo, a culpa é dos mauzões que estão lá fora a dizer coisas que não correspondem à realidade”.
Aludindo à sua experiência como comentador político, o ex-líder do PSD disse que os ataques aos comentadores e à comunicação social não são de hoje. “No tempo de Marcelo Caetano era assim, mas podia recordar umas fases menos boas de Mário Soares, recordar as forças de bloqueio de Cavaco Silva – era Cavaco a esvaziar – , a fase da obsessão de Sócrates com Manuela Moura Guedes, com José Manuel Fernandes, com os jornais. Quando se entra nisso, está escrito nos astros, como dizia o outro [numa alusão a Pedro Santana Lopes] não é um bom sinal ou, pelo menos, dá a sensação de não ser um bom sinal, é um sinal de alguma debilidade”.
Sócrates fala de espectáculo de “incompetência”
No mesmo da opinião de Marcelo foi o comentário de José Sócrates na RTP. “Juntar os jornalistas e comentadores às forças de bloqueio que não compreendem a sua governação é uma estratégia errada. Dá aspecto do desesperado que está a perder o pé”, disse o antigo primeiro-ministro, voltando a criticar duramente a acção deste Governo e dizendo que “a principal surpresa” para o primeiro-ministro “ainda está para vir quando formos a eleições”: “Nessa altura, perguntar-se-á não aos jornalistas, mas sim ao povo português o que pensa deste orçamento.”
Sócrates disse ainda que Passos Coelho “gostaria de ter melhor imprensa”, mas considerou culpado pelas críticas, dado o “espectáculo de incompetência” que apresenta todas as semanas. Criticando concretamente ministros como Nuno Crato (Educação) e Rui Machete (Negócios Estrangeiros), Sócrates disse que “os ministros não são capazes de gerir as máquinas administrativas dos seus ministérios.”
No fecho da análise às críticas do primeiro-ministro a jornalistas e comentadores, Sócrates disse ainda não se sentir atingido pelas palavras do primeiro-ministro, afirmando que Passos se estaria a referir aos comentadores da sua área política.
Marcelo atira Durão para fora-de-jogo
Marcelo falou ainda de uma eventual reedição da coligação entre PSD e CDS em 2015. Disse que a “coligação não vive os seus melhores momentos e não vivendo os seus melhores momentos a ideia de adiar por cinco ou seis meses a constituição de uma nova coligação ou reafirmar a coligação para as eleições daqui a um ano não será a melhor. “Quando lá chegarem em que estado estará a coligação?” Moribunda? “Não sei se estará moribunda, mas a este ritmo não sei se estará muito fortalecida”. E concluiu a questão com um conselho: “Ou o Governo dá a volta em termos de discurso, em termos de propostas, em termos de imagem pública e a coligação pode constituir-se mesmo em cima das eleições que isso não faz diferença nenhuma, ou não, e temo que aí a constituir-se a coligação a dinâmica interna já seja muito fraca”.
O professor comentou também os dez anos de Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia e aproveitou para dizer que a “forte probabilidade” de o ex-primeiro-ministro regressar ao fim de dois mandatos a Portugal para ser candidato presidencial deixou de fazer sentido. “Correu tudo ao contrário. O contexto mudou-se. Em vez de Bush foi Obama, em vez de Tony Blair é Cameron, em vez de Chirac foi Sarkozy e agora Hollande, Merkel assumiu a liderança europeia”, declarou, acrescentando que também em Portugal “correu tudo errado na óptica dele”.” Aquilo que parecia um mundo e uma Europa em 2004, é outro mundo, outra Europa e outro Portugal dez anos depois”, afirma Marcelo, considerando que Durão Barroso não tem hoje condições políticas para ser candidato à Presidência da República em 2016.
“Durão Barroso tem ainda a hipótese de poder ser daqui a cinco anos ou daqui a dez anos e até lá poder desempenhar funções, fazendo conferências por esse mundo fora, ir para universidades ou ir para empresas”, disse, considerando que “mais facilmente Santana Lopes tem condições para concitar o apoio da liderança do partido e, porventura, do centro-direita, do que Durão Barroso”. com Hugo Daniel Sousa