Quase 28% das crianças até aos 12 acedem à Net com smartphones
Em 2010 eram menos de 8% as crianças com estes dispositivos. Relatório Online on the mobile traça fotografia do sector e alerta para alguns riscos.
Os dados fazem parte do novo relatório Online on the mobile: Internet use on smartphones and associated risks among youth in Europe, da rede EU Kids Online, que analisou os riscos que a utilização destes aparelhos acarreta. O trabalho ligou os resultados de um outro inquérito desta rede feito em 2010 com o estudo Net Children Go Mobile, divulgado já em 2014, conseguindo resultados comparáveis para a Bélgica, Dinamarca, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Reino Unido.
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Os dados fazem parte do novo relatório Online on the mobile: Internet use on smartphones and associated risks among youth in Europe, da rede EU Kids Online, que analisou os riscos que a utilização destes aparelhos acarreta. O trabalho ligou os resultados de um outro inquérito desta rede feito em 2010 com o estudo Net Children Go Mobile, divulgado já em 2014, conseguindo resultados comparáveis para a Bélgica, Dinamarca, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Reino Unido.
Em 2010, 22% das crianças dos 9 aos 12 anos tinham telemóvel. Agora são cerca de 10%, já que se nota uma transferência para o acesso por dispositivos de nova geração, que na altura eram detidos por menos de 8% das crianças e agora chegam a 28%. No grupo dos 13 aos 16 anos, em 2010 cerca de 38% tinham telemóvel e agora são 19%, mas os outros dispositivos cresceram de 18% para quase 60%. Uma das principais novidades trazida por este inquérito está na constatação de que a utilização destas novas tecnologias está cada vez menos relacionada com os recursos financeiros das famílias das crianças e jovens que participaram no trabalho.
Alguns dos dados encontram-se desagregados por países e indicam que 34% das crianças e jovens portugueses inquiridos tinham um smartphone para uso próprio e 20% um tablet. O valor fica abaixo da média europeia para smartphones (46%), mas é exactamente igual no que diz respeito aos tablets. O valor mais elevado para o primeiro dispositivo é encontrado na Dinamarca (84%) e para o segundo no Reino Unido (29%).
Consoante os resultados, o trabalho agrupa os países em quatro categorias, encontrando-se Portugal entre os que a utilização de telemóveis está dentro da média – mas o valor fica abaixo quando os dados dizem respeito aos dispositivos móveis no geral. No mesmo grupo encontra-se a Eslovénia, Bulgária, Polónia, República Checa e Hungria. Já nos países nórdicos os outros dispositivos móveis são mais utilizados por crianças e jovens do que os tradicionais telemóveis. No Reino Unido, Alemanha e Irlanda os valores estão acima da média em ambos os equipamentos, por oposição aos dados de Espanha, Itália, Roménia e Turquia, que ficam abaixo de todos os outros países.
O relatório Net Children Go Mobile, divulgado neste ano e que analisou 500 crianças e jovens portugueses entre os 9 e os 16 anos, já tinha indicado que, em média, utilizam pela primeira vez a iInternet com 8,6 anos e têm o primeiro telemóvel aos 9,2. O avanço para um smatphone acontece pouco depois, aos 12,3 anos.
Porém, a par com o crescimento da utilização, têm-se também avolumado os riscos a que as crianças e jovens são expostos, por comparação com aqueles que utilizam telemóveis de gerações anteriores ou que utilizam apenas a Internet através de computadores pessoais. As conclusões do trabalho apontam para que muitos dos riscos advenham de ferramentas como georreferenciação, que possibilitam que as crianças facilmente contactem com pessoas que estão próximas da sua escola, casa ou locais de frequência habitual.
Além disso, o inquérito conclui que as crianças mais novas vêem menos riscos online, mas acabam por ser mais afectadas. As crianças com 9 ou 10 anos que estão online através de smartphones têm mais probabilidade de serem expostas a riscos, alerta o trabalho. A coordenadora do projecto em Portugal, Cristina Ponte, numa nota sobre o estudo afirma que “os utilizadores de smartphones acedem mais à Internet e envolvem-se em mais actividades, e por isso encontram mais riscos”.
Por isso, a professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa sublinha que “os pais das crianças mais novas que usam smartphones devem estabelecer regras claras”, já que “quanto mais nova for a criança, mais os pais se devem envolver”. Uma das principais recomendações é dirigida aos criadores de software e empresas do sector, para que desenvolvam instrumentos fáceis de utilizar e através dos quais os pais consigam monitorizar a utilização que os filhos fazem dos smartphones e tablets.