Este presente do rock’n’roll tem o nome de Ty Segall
O músico de São Francisco regressa a Portugal para apresentar um dos álbuns do ano, Manipulator. Este sábado no Lux, em Lisboa.
O último passo desse percurso, editado em Agosto, chama-se Manipulator, álbum duplo, longo de dezassete canções, que é não só o seu melhor e mais abrangente, como aquele através do qual ganha lugar de destaque no firmamento rock da actualidade. Não é surpresa que, no regresso a Portugal este sábado, depois da actuação no último NOS Primavera Sound, no Porto (e quatro anos depois da estreia, ainda nome de culto reservado, no Barreiro Rocks), se vá deparar com o lisboeta Lux esgotado. É oficial: é impossível ficar indiferente a Ty Segall (mas preste-se também atenção aos franceses J.C. Sàtan, responsáveis pela primeira parte do concerto).
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O último passo desse percurso, editado em Agosto, chama-se Manipulator, álbum duplo, longo de dezassete canções, que é não só o seu melhor e mais abrangente, como aquele através do qual ganha lugar de destaque no firmamento rock da actualidade. Não é surpresa que, no regresso a Portugal este sábado, depois da actuação no último NOS Primavera Sound, no Porto (e quatro anos depois da estreia, ainda nome de culto reservado, no Barreiro Rocks), se vá deparar com o lisboeta Lux esgotado. É oficial: é impossível ficar indiferente a Ty Segall (mas preste-se também atenção aos franceses J.C. Sàtan, responsáveis pela primeira parte do concerto).
Há dois anos, depois da edição de Twins, álbum dedicado à muralha eléctrica criada por um pedal fuzz aplicado à guitarra, que seria sucedido, em sentido oposto, por Sleeper, feito de melancolias de base acústica, Segall dizia ao Ípsilon que não tinha verdadeiramente uma voz. “Disco a disco deparo-me com as minhas vozes transitórias. Não quero saber onde posso chegar. Quero experimentar e, com sorte, haverá algo a sobressair”. Já sobressaiu. Manipulator é obra de um melómano profundamente conhecedor da obra daqueles que admira, de um músico que privilegia o impulso criativo – explica-se assim a vastidão da obra já criada aos 27 anos de idade.
À Rolling Stone descreveu o disco como a representação de um determinado universo: “todas as canções surgem como pontos de vista de diferentes personagens que o habitam”. Essas personagens são animadas pelo espírito de Marc Bolan ou David Bowie, dos Stooges, dos Sonics ou dos Music Machine, dos Black Sabbath, Beatles ou Kinks, e vêm as canções de formação rock clássica adornadas, aqui e ali, por secções de cordas.
“Sempre gostei de rock’n’roll clássico, mas quando era novo defendia-me usando-o como prazer culpado. Por isso é que me virei primeiro para o punk”, explicava ao Ípsilon em 2012. “Mas agora já passou tempo suficiente para que os miúdos que ouviam os discos dos pais, os dos Cream, dos Led Zeppelin ou dos Black Sabbath, admitam abertamente que o fazem”. A homenagem, de resto, faz parte do seu gesto criativo. Já editou um EP de versões dos T Rex (Ty Rex, 2011) e, no concerto da última quinta-feira, em Barcelona, incluiu no alinhamento Moonage daydream, de David Bowie.
Em palco, como testemunhámos no NOS Primavera Sound, vemo-lo a canalizar tudo isso, aberta e declaradamente, fervorosamente (aí não há secção de cordas). O ritmo acelera o batimento cardíaco, as guitarras soam incendiárias, a voz é gritada com urgência. Volume no máximo, obrigatoriamente. “Quero que as pessoas sintam as vibrações no corpo”, dizia em 2012. “Quando hoje em dia é tão difícil arrancar reacções, quero que façam mais que estar simplesmente”.
Como comprovará quem se deslocar este sábado ao Lux, ninguém consegue “estar simplesmente”, sereno e sem reacção, num concerto de Ty Segall.