Quercus considera insuficientes metas definidas pela UE mas elogia "intensas negociações"
Acordo sobre o “pacote energia-clima” fechado na noite passada prevê metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990. A Quercus diz que essa redução deveria chegar aos 55%.
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O acordo sobre o “pacote energia-clima” alcançado após negociações que se arrastaram até de madrugada prevê metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990. "Nesse sentido, não é um bom acordo", disse a ambientalista, que ressalvou, no entanto, o aspecto positivo de os chefes de Estado e de Governo dos 28 terem também chegado a acordo para duas outras metas: subir a fasquia das renováveis para 27% da energia consumida (objectivo vinculativo à escala europeia, mas não em cada país) e melhorar a eficiência energética em 27% (um objectivo indicativo e cuja meta inicial era de 30%).
A Quercus, como as outras organizações não-governamentais (ONG) europeias, pretendiam, no entanto, ter metas mais ambiciosas: redução das emissões de gases com efeito de estufa de 55% (e não apenas 40%) e aumento do peso das renováveis para 45% da energia consumida e da eficiência energética em 40%.
As metas alcançadas na noite passada "ficam aquém das metas defendidas pelas ONG", que estão alinhadas com as defendidas pela investigação científica para o planeta "não sofrer as consequências mais catastróficas das alterações climáticas". Este é "o ponto-chave do combate às alterações climáticas", realça ambientalista. "Nesse sentido, não é um bom acordo", até na perspectiva do papel que a UE pode desempenhar "ao mostrar um empenho forte junto dos outros países desenvolvidos e também dos menos desenvolvidos".
Ana Rita Antunes valoriza, porém, outros aspectos do pacote energético aprovado. Reconhece que as negociações "muito difíceis" permitiram o "resultado positivo" de serem estabelecidas três metas de compromisso e não apenas uma — como desejava, por exemplo, o Reino Unido e o primeiro-ministro David Cameron, "por ser difícil" defender internamente esta posição num país com um eurocepticismo crescente.
"Isso é bastante bom e mostra que há mais países da União Europeia a quererem três metas do que apenas uma", considerou. "Além disso, conseguem-se sinergias entre os três vectores [redução de emissões, peso das renováveis e eficiência energética]" que não existiriam no caso de apenas ter sido aprovada a meta para a redução das emissões de gases com efeitos de estufa.