Quercus considera insuficientes metas definidas pela UE mas elogia "intensas negociações"

Acordo sobre o “pacote energia-clima” fechado na noite passada prevê metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990. A Quercus diz que essa redução deveria chegar aos 55%.

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Quercus acolhe favoravelmente as sinergias resultantes das três metas acordadas, em simultâneo, no pacote energético VINCENZO PINTO/AFP
"Nas emissões de gás com efeito estufa, as metas não são suficientes para conseguirmos ficar no caminho do aumento da temperatura abaixo dos dois graus Celsius. Para isso, precisávamos de uma meta que reduzisse 55% até 2030", explicou ao PÚBLICO Ana Rita Antunes, especialista do Grupo de Energia e Clima da Quercus.

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"Nas emissões de gás com efeito estufa, as metas não são suficientes para conseguirmos ficar no caminho do aumento da temperatura abaixo dos dois graus Celsius. Para isso, precisávamos de uma meta que reduzisse 55% até 2030", explicou ao PÚBLICO Ana Rita Antunes, especialista do Grupo de Energia e Clima da Quercus.

O acordo sobre o “pacote energia-clima” alcançado após negociações que se arrastaram até de madrugada prevê metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990. "Nesse sentido, não é um bom acordo", disse a ambientalista, que ressalvou, no entanto, o aspecto positivo de os chefes de Estado e de Governo dos 28 terem também chegado a acordo para duas outras metas: subir a fasquia das renováveis para 27% da energia consumida (objectivo vinculativo à escala europeia, mas não em cada país) e melhorar a eficiência energética em 27% (um objectivo indicativo e cuja meta inicial era de 30%).

A Quercus, como as outras organizações não-governamentais (ONG) europeias, pretendiam, no entanto, ter metas mais ambiciosas: redução das emissões de gases com efeito de estufa de 55% (e não apenas 40%) e aumento do peso das renováveis para 45% da energia consumida e da eficiência energética em 40%.

As metas alcançadas na noite passada "ficam aquém das metas defendidas pelas ONG", que estão alinhadas com as defendidas pela investigação científica para o planeta "não sofrer as consequências mais catastróficas das alterações climáticas". Este é "o ponto-chave do combate às alterações climáticas", realça ambientalista. "Nesse sentido, não é um bom acordo", até na perspectiva do papel que a UE pode desempenhar "ao mostrar um empenho forte junto dos outros países desenvolvidos e também dos menos desenvolvidos".

Ana Rita Antunes valoriza, porém, outros aspectos do pacote energético aprovado. Reconhece que as negociações "muito difíceis" permitiram o "resultado positivo" de serem estabelecidas três metas de compromisso e não apenas uma — como desejava, por exemplo, o Reino Unido e o primeiro-ministro David Cameron, "por ser difícil" defender internamente esta posição num país com um eurocepticismo crescente.

"Isso é bastante bom e mostra que há mais países da União Europeia a quererem três metas do que apenas uma", considerou. "Além disso, conseguem-se sinergias entre os três vectores [redução de emissões, peso das renováveis e eficiência energética]" que não existiriam no caso de apenas ter sido aprovada a meta para a redução das emissões de gases com efeitos de estufa.