Dois terços dos imigrantes inquiridos num estudo acreditam que a sida tem cura

Estudo promovido pela Liga Portuguesa Contra a Sida promoveu inquérito junto de imigrantes da CPLP que vivem em Lisboa. Quase metade dos participantes estão "muito preocupados" com a possibilidade de contrair o vírus VIH.

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Quase 60% dos inquiridos não realizaram o teste Miguel Manso

O objectivo foi caracterizar esta população e avaliar os seus conhecimentos, comportamentos e práticas de alimentação, segurança alimentar, higiene oral e corporal e de prevenção do VIH/Sida, através da realização de acções de sensibilização e (in)formação, adaptadas às necessidades e características desta população.

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O objectivo foi caracterizar esta população e avaliar os seus conhecimentos, comportamentos e práticas de alimentação, segurança alimentar, higiene oral e corporal e de prevenção do VIH/Sida, através da realização de acções de sensibilização e (in)formação, adaptadas às necessidades e características desta população.

A maioria dos participantes (56,2%) são mulheres, 51,4% são solteiros, 20,3% não estudou ou tem 1.º ciclo incompleto, 19% estudou até ao 9º ano e 11,9% tem o ensino superior. A grande maioria (80,2%) vive em Portugal há mais de cinco anos, 92% têm a situação legalizada, sendo que 29,3% residem na margem sul e 21,5% no concelho da Amadora. Quanto à situação profissional, 42,6% estão empregados, 41,2% desempregados, 8,9% são estudantes e 7,4% reformados.

Os resultados do projecto, divulgados nesta sexta-feira  na conferência promovida pela Liga "Vamos Ganhar Defesas", revelam que 27% dos inquiridos não estão "nada preocupados" com a possibilidade de poder contrair o VIH, 16% estão "moderadamente" preocupados e 9% pouco preocupados. Questionados sobre se o VIH é responsável pela sida, 73% afirmaram que sim, 6% que não e 21% não sabiam.

À pergunta "Existe uma vacina para prevenir o vírus que causa a sida", 46% disseram que não, 30% que sim e 24% não sabiam. Quando questionados sobre se "existe cura para a sida", 66% afirmaram que sim, contra 16% que reponderam negativamente. Cerca de 65% dos inquiridos pensam que "as pessoas infectadas mostram rapidamente sintomas" da doença e 62% consideram que "só homossexuais, toxicodependentes e trabalhadores do sexo correm risco".

Além disso, 10% dos inquiridos consideram que "beijar, abraçar, apertar a mão são vias de transmissão do vírus" e 71% que o "uso correto de preservativos é a protecção eficaz do vírus". Mais de metade (54,6%) disse ter actualmente um parceiro sexual, 27,8% não têm nenhum e 17,6% confessaram ter vários. Já sobre o uso de preservativo, 52% das mulheres inquiridas disseram que "nunca" usam, contra 38% dos homens.

O projecto, co-financiado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), avaliou o estilo de vida, os hábitos de higiene e alimentares desta população. "Sendo esta uma população que vive em bairros sociais com grandes problemas económicos devido à falta de trabalho, a alimentação, a higiene oral e os comportamentos sexuais mais seguros nem sempre são prioridade, podendo assim potenciar os riscos de doenças", refere a LPCS.

Segundo o estudo, 11,1% dos participantes consomem bebidas alcoólicas regularmente, 15,2% fumam, 46,3% têm um problema de saúde e 43,8% fazem exercício físico. Sobre os hábitos de higiene corporais e orais, 75,7% disseram tomar banho mais de cinco vezes por semana e 97,5% usam escova e dentífrico na escovagem dos dentes. Questionados sobre a última vez que foram ao dentista/higienista, 41,3% disseram há mais de um ano e 25,1% nunca foram.

Analisando os hábitos de higiene e segurança alimentar, o estudo aponta que 85,6% dos inquiridos lavam as mãos antes de cozinhar e 83,6% antes de comer. Refere ainda que 72,6% confirmam a data de validade dos alimentos, 40,5% provam a comida directamente do tacho e 29,4% voltam a congelar os alimentos depois de descongelados.