"Lama", "cabecita" e "expressões arruaceiras" em discussão acesa no Parlamento

Sociais-democratas admitiram dificultar representação parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes.

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José Luís Ferreira, um dos dois deputados d'Os Verdes Daniel Rocha

Montenegro, no seguimento de uma intervenção dura do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) para o Governo, tinha questionado a legitimidade democrática daquele grupo parlamentar de dois deputados que “nunca” se sujeitou a eleições senão em coligação com o PCP. "Talvez o episódio de hoje nos deva forçar a fazer esta reflexão e a tomarmos decisões para adequar o funcionamento da Assembleia com a representação da vontade popular”, afirmou o social-democrata.

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Montenegro, no seguimento de uma intervenção dura do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) para o Governo, tinha questionado a legitimidade democrática daquele grupo parlamentar de dois deputados que “nunca” se sujeitou a eleições senão em coligação com o PCP. "Talvez o episódio de hoje nos deva forçar a fazer esta reflexão e a tomarmos decisões para adequar o funcionamento da Assembleia com a representação da vontade popular”, afirmou o social-democrata.

Antes, já o líder parlamentar comunista, João Oliveira, saíra em defesa do PEV e atacara a “sanidade mental” dos deputados da maioria PSD/CDS.

Nuno Magalhães, do CDS, também pediu a palavra para defender que “esta Assembleia da República atingiu o grau zero”, assumindo a disponibilidade dos centristas para levar a discussão à conferência de líderes parlamentares. Depois, Magalhães criticou as “expressões arruaceiras” dos comunistas, que atira os deputados para “a lama”. Com um aviso: “Ou bem que a conferência de líderes trata disto, ou a democracia tratará de todos nós e esse será um dia muito triste”.

Apesar de Assunção Esteves ter pedido reflexão e reconhecer que a emoção travou o “rigor das palavras” e a “contenção”, a presidente do Parlamento disse manter a opinião da primazia da “liberdade” dos deputados intervirem, por oposição a um regime de “tutela” da mesa.

O debate prosseguiu com outros temas. Mas os dois deputados do PEV e os deputados do PCP não voltaram a estar todos sentados nos longos minutos que se seguiram.

Crato e o único que o elogia
Os socialistas, que se mantiveram à parte desta inflamada troca de acusações, preferiram voltar a focar o discurso no ministro da Educação. Referindo o “esgotamento” geral do Governo, o deputado Acácio Pinto criticou o “estado de negação” que o Executivo vive, em particular, em relação à educação e ao ministro Nuno Crato.

“Há milhares de alunos sem aulas quando se vai iniciar a sétima semana lectiva, 50% do primeiro período, numa demonstração da completa incompetência técnica e política de Nuno Crato”, disse Acácio Pinto.

O socialista lamentou depois que “o único português” que concorda com Nuno Crato e que o elogia seja justamente Passos Coelho, "o único que pode propor a nomeação ou a exoneração de ministros”.

Rita Rato, do PCP, não poupou, no entanto, o PS nas críticas à política seguida nos últimos anos no sector: “Muitas das políticas que criaram os actuais problemas tiveram origem nos governos do PS e foram agora aprofundadas pelo actual Governo", disse a deputada comunista.

Luís Fazenda, do Bloco, registou que Crato já não tem quem o defenda nem no Parlamento, dirigindo-se aos partidos da maioria. Pelo CDS, Michael Seufert preferiu apostar no contra-ataque, ao realçar que os socialistas “já estão na fase de puxar da pistola” com eleições à vista.