Mais um caso de ébola nos EUA e o primeiro no Mali
Médico internado em Nova Iorque tinha regressado há uma semana da Guiné-Conacri, de onde viajou também menina de dois anos que adoeceu no Mali.
Craig Spencer, que trabalhou para os Médicos Sem Fronteiras, é o primeiro caso de ébola na grande metrópole norte-americana, uma cidade densamente povoada onde vivem mais de oito milhões de pessoas. Os casos anteriores ocorreram em Dallas, no Texas onde foi tratado um liberiano infectado durante uma visita a África e onde duas das enfermeiras que o assistiram acabaram por ser contagiadas.
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Craig Spencer, que trabalhou para os Médicos Sem Fronteiras, é o primeiro caso de ébola na grande metrópole norte-americana, uma cidade densamente povoada onde vivem mais de oito milhões de pessoas. Os casos anteriores ocorreram em Dallas, no Texas onde foi tratado um liberiano infectado durante uma visita a África e onde duas das enfermeiras que o assistiram acabaram por ser contagiadas.
O médico regressou aos EUA no dia 17, numa viagem de avião com passagem pela Europa, adianta a BBC. Terça-feira começou a sentir-se cansado e, dois dias depois, desenvolveu febre e diarreia, tendo contactado de imediato os serviços de emergência médica. Foi levado para o Hospital Bellevue, onde foi colocado em isolamento e as primeiras análises confirmaram a presença do vírus.
Spencer, de 33 anos, vive em Manhattan e, segundo fontes dos serviços de saúde, terá viajado de metro e feito jogging na cidade, mas as autoridades sublinham que isso aconteceu antes de apresentar os primeiros sintomas, quando o contágio se torna possível. A namorada de Spencer e dois amigos foram já colocados em quarentena.
"Não há razão para os nova iorquinos ficarem alarmados", assegurou o mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, em conferência de imprensa, dizendo que pelo que foi possível apurar "poucas pessoas estiveram em contacto com ele" nos últimos dias. Blasio recordou que "é muito difícil contrair ébola" e que só "quem estiver exposto aos fluidos corporais de uma pessoa infectada com o vírus está em risco".
O Presidente norte-americano, Barack Obama, telefonou às autoridades locais para discutir o envio de peritos médicos e a oferecer "todo o apoio federal que seja necessário", revelou a Casa Branca.
Algumas horas antes, o Ministério da Saúde do Mali anunciou o seu primeiro caso de ébola. Trata-se de uma menina de dois anos que vivia na Guiné-Conacri e que entrou no país acompanhada pela avó. Segundo a agência Reuters, a mãe da criança, também infectada com o vírus, morreu recentemente na região de Kissidougou (Sul da Guiné) e nessa altura a família decidiu levá-la para o Mali.
A menina foi levada a um hospital de Kayes, na região oeste do país, e as análises pedidas "revelaram-se positivas", adiantou o Ministério. "Graças à diligente actuação, o estado de saúde da pessoa infectada melhorou consideravelmente", lê-se no comunicado oficial, onde é garantido que " todas as pessoas que contactaram com a criança infectada em Kayes foram imediatamente identificadas" e colocadas em quarentena.
O Mali, o sexto país africano a registar casos de ébola, partilha fronteira com a Guiné-Conacri, o país onde o surto foi declarado em Março, numa região próxima da Libéria e Serra Leoa. Os três países registam a quase totalidade dos 9936 infectados e 4877 mortos registados daquela que é já a mais mortífera epidemia do vírus desde que foi identificado, em 1976 na actual República Democrática do Congo.
Houve também vários casos de infecção no Senegal e na Nigéria, mas os dois países conseguiram travar a cadeia de contágio e foram já declarados pela Organização Mundial de Saúde como estando livres do vírus. O Mali não dispõe dos recursos dos dois países, mas o Ministério da Saúde assegura que "foram tomadas todas as medidas necessárias para evitar a propagação do vírus".
Não há medicamentos combater para este virus, mas várias empresas estão a desenvolver vacinas. E a partir do mês de Novembro, um consórcio internacional liderado pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) de Antuérpia (Bélgica) vai avaliar, na Guiné-Conacri, a segurança e eficácia da utilização de anticorpos vindos do sangue de pessoas que sobreviveram ao ébola no tratamento de pessoas infectadas pelo vírus. Se os resultados forem positivos, os cientistas pensam que será possível utilizar esta abordagem em grande escala a curto prazo.