Bernardino Soares diz que aquilo que já conquistou para Loures "não se mede em euros"
Depois de um ano como presidente da câmara, o autarca destaca "a recuperação da credibilidade do executivo" e a "política de transparência e incentivo à participação" como principais feitos.
“E ainda por cima foi uma festa de que a maioria da população não tirou qualquer benefício”, acrescenta Bernardino Soares, lembrando “a grave situação financeira” que encontrou quando chegou ao município. Situação essa que, sublinha, “pesará na gestão da câmara por muito tempo” e para a qual em seu entender contribuiu não só o anterior executivo camarário mas também a “antidemocrática política dos últimos governos, que sucessivamente retiraram recursos e empurraram mais responsabilidades para as autarquias”.
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“E ainda por cima foi uma festa de que a maioria da população não tirou qualquer benefício”, acrescenta Bernardino Soares, lembrando “a grave situação financeira” que encontrou quando chegou ao município. Situação essa que, sublinha, “pesará na gestão da câmara por muito tempo” e para a qual em seu entender contribuiu não só o anterior executivo camarário mas também a “antidemocrática política dos últimos governos, que sucessivamente retiraram recursos e empurraram mais responsabilidades para as autarquias”.
O autarca, que durante a conferência de imprensa do primeiro ano de mandato esteve acompanhado pelos quatro vereadores da CDU, admite que o problema do pagamento aos fornecedores “não se resolve em um, dois ou três anos, tem de ser ir diminuindo paulatinamente”. Até porque, frisa, a câmara não pode pura e simplesmente “fechar a porta”, canalizando todos os seus recursos para pagar essa dívida, de “mais de 26 milhões de euros”.
E essa herança, diz Bernardino Soares, “leva a que escasseiem os recursos para fazer face às necessidades presentes e futuras”, “faz com que o município não tenha folga orçamental para dar resposta a investimentos essenciais”. E que investimentos são esses? Questionado pelo PÚBLICO, o autarca comunista referiu três exemplos: a Escola Básica nº1 de Camarate, o Centro Comunitário de Santo António dos Cavaleiros e a rede viária do concelho.
Em relação à escola o autarca, que lá estudou quando era criança, sublinha que ela está instalada em contentores há seis anos. Recuperar e ampliar o antigo edifício da escola, diz, custaria 2,5 milhões de euros, investimento para o qual “não há nenhuma perspectiva” de concretização.
Quanto ao centro comunitário, Bernardino Soares explica que parte da obra está já a ser desenvolvida por um privado, mas acrescenta que há uma fatia de 1,5 milhões de euros que cabe à câmara. “Podemos chegar a uma situação em que o edifício fica inacabado”, admite, lembrando que se assim for fica em causa a “resposta social” que aquele equipamento pretende dar.
Finalmente, em relação à conservação da rede viária, que o autarca já tinha dito ao PÚBLICO que tem sido uma das preocupações que os munícipes mais lhe têm feito chegar, Bernardino Soares lamenta o “abandono” a que as ruas e estradas do concelho foram votadas “na última década”. Esta situação, diz, exige “uma resposta premente”, mas “não se resolve num ano”.
Admitindo que as receitas do orçamento do próximo ano “dão basicamente para cobrir as despesas obrigatórias”, o autarca comunista afirma que “é indispensável outra política de repartição de recursos entre a administração central e local”, mas também “procurar com afinco outras fontes de fontes de financiamento”.
Apesar da “imensidão de problemas” que encontrou “no concelho e na estrutura municipal”, o presidente da câmara não tem dúvidas de que há trabalho feito ao longo do último ano. Não só na “recuperação da credibilidade”, que considera ser “o património mais valioso”, mas também na aposta numa “política de transparência e incentivo à participação”. A esse respeito, o autarca lembra que foram realizadas “cerca de 50 sessões públicas sobre diversos temas”.
Como provas de que “a mudança que a população escolheu está a acontecer”, Bernardino Soares aponta, entre outros aspectos, a criação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos de Loures e Odivelas, as melhorias na recolha dos resíduos urbanos, a delegação de competências nas juntas de freguesia (com a transferência anual de 8,3 milhões de euros), o investimento na rede escolar e a promoção na cultura.
Quanto ao futuro, o autarca manifesta a expectativa de que os trabalhos de revisão do Plano Director Municipal estejam concluídos” até ao final do ano” e anuncia duas intenções para 2015, ano em que promete que o seu executivo manterá “um estilo sóbrio e transparente”: criar uma agência municipal de investimento, para promoção da actividade económica, e avançar com a elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento do concelho.
Questionado pelo PÚBLICO sobre como tem sido o relacionamento com os dois vereadores do PSD a quem entregou pelouros, o presidente da câmara responde que “tem corrido com franqueza”. “Nem sempre estamos de acordo, mas nas questões fundamentais temos conseguido chegar a acordo”, afirma, frisando que está em causa “um entendimento para distribuição de pelouros” e “não uma coligação”.
Quanto ao PS, a quem sucedeu na presidência do município, Bernardino Soares diz que tem encarado as solicitações daquele partido com uma “grande disponibilidade para responder a todas as questões e fornecer os documentos pedidos”. “Gostamos muito de ser fiscalizados pela oposição, porque obriga-nos a ser mais competentes e a ter resposta para as questões colocadas”, acrescenta, não deixando de notar que lhe causa “uma certa estranheza” que os eleitos socialistas peçam explicações “sobre matérias que manifestamente são responsabilidade do anterior executivo”.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso, falar com o vereador Ricardo Leão, que é também presidente da concelhia de Loures do PS, para obter uma reacção a algumas das críticas feitas por Bernardino Soares.