A hora da comissão Juncker
Foi auspiciosa a estreia de Juncker. Anunciou mudanças e respondeu em alemão à sra. Merkel.
Foi aprovada nesta quarta-feira a nova Comissão Europeia que há-de iniciar o seu mandato a 1 de Novembro e, apesar de ter obtido uma maioria confortável (423 eurodeputados a favor e 209 contra), ficou aquém da última comissão presidida por Durão Barroso, apoiada por 488 votos favoráveis. Parece estranho, pois Jean-Claude Juncker e o novo colégio de comissários estão a entrar agora, portanto com menos carga de polémicas sobre os ombros, enquanto a equipa presidida por Barroso já concorria ao segundo mandato e muita contestação pelo meio. Basta lembrar toda a controvérsia gerada em torno da intervenção no Iraque. Mas percebe-se esta votação. Por um lado, a divisão dos socialistas e a diminuição expressiva dos liberais, que perderam 30 deputados; por outro, o avanço dos eurocépticos, à esquerda e à direita que, por razões diferentes, contestam o modelo, o método e as políticas comunitárias. Isto fez toda a diferença na geografia tradicional do Parlamento de Estrasburgo.
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Foi aprovada nesta quarta-feira a nova Comissão Europeia que há-de iniciar o seu mandato a 1 de Novembro e, apesar de ter obtido uma maioria confortável (423 eurodeputados a favor e 209 contra), ficou aquém da última comissão presidida por Durão Barroso, apoiada por 488 votos favoráveis. Parece estranho, pois Jean-Claude Juncker e o novo colégio de comissários estão a entrar agora, portanto com menos carga de polémicas sobre os ombros, enquanto a equipa presidida por Barroso já concorria ao segundo mandato e muita contestação pelo meio. Basta lembrar toda a controvérsia gerada em torno da intervenção no Iraque. Mas percebe-se esta votação. Por um lado, a divisão dos socialistas e a diminuição expressiva dos liberais, que perderam 30 deputados; por outro, o avanço dos eurocépticos, à esquerda e à direita que, por razões diferentes, contestam o modelo, o método e as políticas comunitárias. Isto fez toda a diferença na geografia tradicional do Parlamento de Estrasburgo.
Seja por isso, seja porque a fria realidade dos números — quer dizer, da economia — se está a impor, a verdade é que os dogmas até agora dominantes no pensamento e na acção da superstrutura política europeia parecem estar a ceder. Essa mudança ficou mais clara ontem, com o discurso de Juncker, mais preocupado com o crescimento e a resolução dos problemas sociais do que com a consolidação orçamental. Draghi está cada vez mais acompanhado na sua determinação de contrariar as orientações de Berlim. Não vai ser fácil, como ainda a semana passada provou a chanceler alemã no Bundestag, quando, contra todas evidências, mostrou a mesma inflexibilidade de sempre quanto ao abrandamento das políticas de austeridade. Mas, aparentemente, o presidente da Comissão não se intimidou e, em jeito de resposta, mudou o discurso do francês para o alemão, para avisar: “A consolidação orçamental, por si só, não traz crescimento”. O tempo dirá se este discurso é para ficar.