Teresa Romero pode estar livre do ébola e vai recorrer aos tribunais para defender a honra

Depois de análise negativa, novo teste a realizar nesta terça-feira confirmará se auxiliar está curada.

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Portesto de enfermeiros que exigem a demissão da ministra da Saúde Jon Nazca/Reuters

Depois de dois testes anteriores terem indicado vestígios do vírus, no domingo o resultado foi, pela primeira vez, negativo. Será necessário fazer ainda uma nova análise para confirmar que Teresa Romero, 44 anos, está livre de perigo.

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Depois de dois testes anteriores terem indicado vestígios do vírus, no domingo o resultado foi, pela primeira vez, negativo. Será necessário fazer ainda uma nova análise para confirmar que Teresa Romero, 44 anos, está livre de perigo.

Numa mensagem de vídeo divulgada depois de conhecido o resultado negativo, o marido da auxiliar manifestou contentamento, mas reafirmou que avançará com acções legais para “demonstrar nos tribunais que a gestão do ébola em Espanha foi muito mal amanhada”.

“Vou gastar até à última gota do meu sangue para defender a sua honra e dignidade”, disse Javier Límon, na mensagem gravada na cama do Hospital Carlos III, de Madrid, onde está em observação desde que foi confirmado o contágio da mulher.

Uma porta-voz da família citada pelo diário.es disse que o casal tenciona apresentar queixa contra o conselheiro de Saúde de Madrid, Javier Rodriguéz, que admitiu que a auxiliar de enfermagem tivesse “mentido sobre o seu estado”, ao ter “ocultado” ao médico ter estado exposta ao vírus. Mais tarde, pediu desculpa, caso as suas palavras “a tivessem ofendido”. Teresa Romero reconheceu não ter feito menção ao facto por a sua febre não ser alta.

O jornal recorda que, apesar dos erros de activação do protocolo, muitas declarações de responsáveis políticos relacionaram o contágio com eventuais erros de procedimento da auxiliar. Romero contraiu o vírus ao tratar dois religiosos que tinham sido infectados em África. Foi internada dia 6 de Outubro no Hospital Carlos III, onde permanece.

Para que a paciente seja considerada “não infectada” são necessários dois resultados negativos com um intervalo de 48 horas, explicou Fernando Símon, director do centro de alertas e emergências do Ministério da Saúde, citado pelo diário El País.

O comité discutiu na manhã desta segunda-feira qual o momento em que os resultados das análises à auxiliar de enfermagem poderão confirmar um “negativo real”, uma vez que Teresa Romero foi submetida a tratamentos que podem mascarar a presença do vírus. A análise de domingo foi a primeira após 48 horas sem tratamentos, faltando agora a confirmação.

Apesar de a última análise ter dado negativa quanto ao vírus, o estado de saúde da paciente ainda inspira cuidados. Segundo o El País, tem os pulmões muito afectados e apenas começou a alimentar-se normalmente, por via oral, há três dias. Além disso, deverá permanecer sob observação durante pelo menos mais três semanas, para garantir que a infecção não volte.

Fernando Símon explicou que, mesmo que se confirmem os testes negativos, Teresa Romero poderá ter um “período mais longo de hospitalização”, porque sofreu um “processo infeccioso muito grave”.

O director do centro de alertas e emergências informou também que há um outro caso sob investigação das autoridades médicas espanholas – uma pessoa de 48 anos, natural de Andorra, que deu entrada num hospital de Andorra, com febre, depois de uma viagem à Guiné Equatorial e à Serra Leoa. Disse que é possível que se trate de um caso de malária, mas só as análises poderão afastar a hipótese de infecção.

O caso de Teresa Romero lançou uma onda de preocupação sobre as medidas de segurança para se evitar a expansão do vírus do ébola para fora das regiões mais afectadas em África. O receio aumentou com dois casos em Dallas, nos Estados Unidos, onde a inquietação levou ao encerramento de escolas e a sugestões de que se fechem as fronteiras para voos provenientes de determinados países africanos. No sábado, o Presidente Barack Obama disse que essas medidas não são necessárias, e que o ébola tem de ser combatido com ciência, sem “a histeria do medo”.

A doença já matou mais de 4500 pessoas, em mais de 9000 casos registados, principalmente na África Ocidental.