Governo japonês perde duas ministras no mesmo dia
Demissões são um revés para o primeiro-ministro, Shinzo Abe, que ainda em Setembro as tinha nomeado para o executivo.
Yuko Obuchi, à frente do poderoso Ministério da Economia, Comércio e Indústria, anunciou a sua demissão depois de ter sido acusada de uso indevido de financiamento político. Entre as despesas abusivas contam-se mais de 400 mil dólares em bilhetes anuais para o teatro gastos, entre 2009 e 2011, por dois grupos políticos que a apoiavam. Filha de um antigo primeiro-ministro, Obuchi era apontada como uma das mais bem posicionadas para se tornar a primeira mulher a chegar à chefia do Governo no Japão.
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Yuko Obuchi, à frente do poderoso Ministério da Economia, Comércio e Indústria, anunciou a sua demissão depois de ter sido acusada de uso indevido de financiamento político. Entre as despesas abusivas contam-se mais de 400 mil dólares em bilhetes anuais para o teatro gastos, entre 2009 e 2011, por dois grupos políticos que a apoiavam. Filha de um antigo primeiro-ministro, Obuchi era apontada como uma das mais bem posicionadas para se tornar a primeira mulher a chegar à chefia do Governo no Japão.
Horas depois, a ministra da Justiça, Midori Matsushima, anunciava igualmente a sua demissão, depois de o Partido Democrático ter apresentado em tribunal uma queixa acusando-a de ter violado a lei eleitoral ao distribuir leques de papel durante uma festa no círculo pelo qual foi eleita. Segundo a oposição, que divulgou imagens da distribuição, a ministra desrespeitou as regras sobre o uso de dinheiros públicos.
Shinzo Abe penitenciou-se pelas duas baixas sofridas – “Fui eu que as nomeei e, enquanto primeiro-ministro, assumo a responsabilidade” – e prometeu substituir as ministras no prazo de 24 horas. No entanto, é pouco provável que o embaraço desapareça, não só porque perdeu duas das figuras que escolheu para renovar o executivo, mas sobretudo porque Obuchi tinha em mãos dois dos dossiers mais quentes da actualidade.
Abe acreditava que a figura telegénica da ministra da Economia, de 40 anos, o ajudaria a convencer os japoneses a aceitar o impopular plano para colocar de novo em funcionamento os reactores nucleares do país, parados desde o acidente na central de Fukushima, em 2011. Obuchi tinha também em mãos a avaliação do impacto de um segundo aumento do IVA que, depois da subida para os 8% em Abril, deveria atingir os 10% em Outubro do próximo ano. Uma sondagem recente revela que dois terços dos eleitores se opõem a um novo aumento do imposto e quase 85% não sentem melhorias na economia.
Abe foi eleito para um segundo mandato em 2012, prometendo reavivar a economia japonesa, ciclicamente atingida por crises. Até agora, e ao contrário da sua primeira passagem pelo Governo, entre 2006 e 2007, o actual executivo tem sido poupado a escândalos maiores e goza de um amplo apoio no Parlamento. Mas a oposição tem feito um ataque cerrado aos ministros que entraram na última remodelação, numa tentativa para quebrar a popularidade de Abe.