Morreu o fotógrafo da Magnum René Burri

Um dos mais marcantes fotógrafos da segunda metade do século XX, autor de um dos mais icónicos retratos de Che Guevara.

Fotogaleria

“Não era apenas um dos maiores fotógrafos do pós-guerra, era também uma das pessoas mais generosas que alguma vez tive o privilégio de conhecer”, afirmou o fotógrafo britânico Martin Parr, actual presidente da cooperativa. O comunicado da Magnum não refere qualquer causa da morte de René Burri adianto apenas que a sua família divulgará um comunicado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Não era apenas um dos maiores fotógrafos do pós-guerra, era também uma das pessoas mais generosas que alguma vez tive o privilégio de conhecer”, afirmou o fotógrafo britânico Martin Parr, actual presidente da cooperativa. O comunicado da Magnum não refere qualquer causa da morte de René Burri adianto apenas que a sua família divulgará um comunicado.

Apesar de ter estudado fotografia na escola de Artes e Ofícios de Zurique, onde aprendeu o rigor da composição, o percurso profissional de René Burri começou com o cinema (foi documentarista e operador de câmara da Disney), em 1953. Essa ligação haveria de o pôr em contacto com a câmara fotográfica Leica, que se tornou sua fiel companheira ao longo de toda a carreira (a exposição do centenário da Leica, que será inaugurada esta quinta-feira em Hamburgo, na Alemanha, conta com várias fotografias da sua autoria). Com ela captou reportagens e ensaios que, desde 1955, foram publicados em inúmeras publicações em todo mundo.

René Burri (Zurique, 1933) deixa um importante corpo de trabalho ligado a assuntos de actualidade que começou a ganhar forma logo que se tornou correspondente da agência Magnum, em 1956 (só se tornaria membro efectivo em 1959). Ao serviço desta cooperativa, o fotógrafo suíço captou praticamente todos os conflitos da segunda metade do século XX. As guerras tornaram-se um dos seus principais sujeitos e a ética com que as fotografou (evitava imagens de violência gratuita) foram um dos seus principais legados. Ao longo de mais de 50 anos de fotografia, Burri procurou os rostos que tinham o poder de mudar o rumo da história (Guevara, Churchill), as expressões dos que tinham talento reconhecido (Picasso, Maria Callas, Le Corbusier) mas também dos que fazem o frenesi das ruas, numa tentativa de demonstrar que, afinal, vivemos todos “num único mundo”, um dos seus lemas de vida. “Enquanto não se conseguir captar a vibração da vida, não se pode falar de uma boa fotografia”, costuma dizer.

Algumas das mais marcantes reportagens de Burri foram publicadas na prestigiada revista suíça “Du” (“Gauchos”, “Bahias”...). Entre os inúmeros fotolivros da sua utoria, “Die Deutschen” (“Os Alemães”), de 1962, é dos mais celebrados, pela forma intensa com que capta a Alemanha do pós-guerra.

Em 1982, René Burri foi eleito presidente da delegação da Magnum em Paris. A primeira exposição retrospectiva do seu trabalho, “One World/Thirty years of photographs”, foi apresentada em 1984, em Paris, Zurique e Lausanne. Na comemoração dos 50 anos de carreira, a Maison Européenne de la Photographie”, Paris, dedicou-lhe a derradeira revisão da sua obra.