Papa afasta cardeal que se opõe aos direitos dos homossexuais
Norte-americano Raymond Burke foi forçado a abandonar presidência do Supremo Tribunal Eclesiástico.
A notícia marca o final da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que termina este domingo, e que ficou marcada pelas tensões entre os que preconizam uma maior abertura da Igreja às novas formas de estar em família e o sector mais conservador da Igreja Católica que se opõe a mudanças da disciplina da Igreja em matérias como o acesso dos divorciados e recasados à comunhão e à confissão.
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A notícia marca o final da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que termina este domingo, e que ficou marcada pelas tensões entre os que preconizam uma maior abertura da Igreja às novas formas de estar em família e o sector mais conservador da Igreja Católica que se opõe a mudanças da disciplina da Igreja em matérias como o acesso dos divorciados e recasados à comunhão e à confissão.
De acordo com a imprensa internacional, Raymond Burke, que foi um dos co-autores do livro Permanecendo na Verdade de Cristo: Casamento e Comunhão na Igreja Católica, juntamente com o cardeal conservador alemão Gerhard Müller, outro crítico ferrenho do actual Papa, deverá presidir à Ordem de Malta, um cargo honorário que não passa de uma espécie de exílio, fora da Cúria.
Os rumores arrastavam-se já há meses. Mas agora o próprio Raymond Burke confirmou a saída do cargo e, apesar de não ter ainda recebido a carta oficial de transferência, declarou-se “decepcionado” por ter de deixar o cargo.
Durante os trabalhos sinodais, e na polémica que se seguiu à divulgação do relatório preliminar que apontava para um maior acolhimento dos casais homossexuais no seio da Igreja, Burke destacara-se como uma das vozes que mais fortemente se opuseram ao teor do documento. “Os padres sinodais consideraram inaceitáveis as afirmações sobre as relações sexuais fora do casamento e entre pessoas do mesmo sexo. A mensagem é forte: o texto deve ser radicalmente mudado”, declarara, numa entrevista publicada sexta-feira pelo semanário francês Famille Chrétienne. Noutras entrevistas, Burke insistiu que as premissas contidas naquele documento careciam de fundamentação nas Sagradas Escrituras. E, na hora de abandonar o cargo, voltou a insistir que o Papa “não é livre de alterar os ensinamentos da Igreja em relação à imoralidade dos actos homossexuais ou à indissolubilidade do casamento”.
O afastamento de Raymonde Burke pode ser entendido como mais um passo nas tentativas do Papa Francisco modernizar a Igreja, mudando alguns dos detentores dos principais cargos eclesiásticos. Nos seus primeiros meses como Papa, Francisco já tinha despromovido para cargos de menor importância nomes como o cardeal Mauro Piacenza, o arcebispo Guido Pozzo e o bispo Giuseppe Sciacca, todos tidos como tendo uma sensibilidade próxima do seu antecessor, Ratzinger.