E se uma colher de iogurte identificasse cancro?
Como? Através de uma molécula sintética que, uma vez introduzida no iogurte, pode tornar o rastreio deste tipo de cancro tão simples como um teste de gravidez
O cancro do cólon é um dos tipos de cancro mais comuns e todos nós trememos quando se fala em fazer colonoscopia. Só a ideia de fazer esse exame já é desagradável. Mas todos nós sabemos que prevenir é o melhor remédio — se tivermos de fazer, faremos. Mas, no futuro, talvez tenhamos alternativas mais simpáticas. E se uma colher de iogurte bastasse para verificar a existência de cancro do cólon?
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O cancro do cólon é um dos tipos de cancro mais comuns e todos nós trememos quando se fala em fazer colonoscopia. Só a ideia de fazer esse exame já é desagradável. Mas todos nós sabemos que prevenir é o melhor remédio — se tivermos de fazer, faremos. Mas, no futuro, talvez tenhamos alternativas mais simpáticas. E se uma colher de iogurte bastasse para verificar a existência de cancro do cólon?
A proposta está a ser estudada por Sangeeta Bhatia, uma professora do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA. Pode tornar-se um modo simples e barato de detectar cancro do cólon. Como? Através de uma molécula sintética que, uma vez introduzida no iogurte, pode tornar o rastreio deste tipo de cancro tão simples como um teste de gravidez.
Os investigadores estão a trabalhar em bactérias modificadas que permitem detectar cancro. O que acontece é que estas bactérias produzem biomarcadores de nanopartículas que são responsáveis pela detecção através da interacção destas com o tumor. As nanopartículas passam todo o sistema digestivo e urinário e, posteriormente, é retirada uma amostra de urina que é colocada num papel reactivo. Nessas mesmas tiras de papel vai então ser verificada a presença ou não desses biomarcadores que podem dar um alerta para a presença de cancro.
Esta pode ser uma alternativa viável para a monitorização deste tipo de patologia, pois para além de ser muito menos invasivo não requer equipamento laboratorial ou médico sofisticado. Ainda assim, para Samuel Sia, professor de engenharia biomédica na Universidade de Columbia, estes biomarcadores sintéticos de Bhatia não serão uma panaceia apesar de serem um "conceito interessante". Sem dados de ensaios clínicos, Samuel Sai conclui: "Eu não diria ainda que esta é solução."
Mesmo não estando a solução completamente encontrada, os cientistas acreditam que estão no caminho certo. Para qualquer tipo de cancro a detecção precoce é essencial, e neste caso em particular em que o rastreio e diagnóstico se torna desconfortável estes pequenos passos podem levar muita gente a não deixar “o exame” para amanhã quando o problema pode ser hoje.