Chama-se KEET e torna as bicicletas eléctricas
É um “kit” e dá para colocar em qualquer bicicleta. Foi criado por jovens engenheiros electrotécnicos e pretende ajudar os utilizadores nas suas deslocações
É mais “leve”, “portável”, “versátil”, “funcional” e “simples”. Chama-se KEET (Keet Electric Empowering Traction) e é um “kit” eléctrico que transforma bicicletas normais em bicicletas eléctricas.
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É mais “leve”, “portável”, “versátil”, “funcional” e “simples”. Chama-se KEET (Keet Electric Empowering Traction) e é um “kit” eléctrico que transforma bicicletas normais em bicicletas eléctricas.
Quem o garante é Filipe Barbosa, 24 anos, natural de Paredes. Juntamente com Agostinho Rocha, 26 anos, de Monção, criaram este aparelho. O KEET pretende complementar e promover o uso da bicicleta e ajudar os utilizadores deste meio de transporte nas suas deslocações.
Como surgiu a ideia? Por causa de um trabalho académico. Em Julho de 2013, Filipe, Agostinho e mais três colegas estavam no último ano do curso e tinham de desenvolver um sistema electrónico para desenvolver tracção ou movimento. Surgiram várias ideias e uma delas foi: “Por que não aplicar, por meio de uma roda de atrito, movimento na bicicleta e ter um sistema que pode ser aplicado a qualquer tipo de bicicleta?”, contou Filipe ao P3.
“Nós gostamos de bicicletas, é uma das razões. Normalmente costumo andar ao fim-de-semana. No sábado vou fazer a rota do Românico de bicicleta. Além disso, foi o único meio de transporte que não trabalhamos durante a formação académica”, justifica.
Mas foi uma das cenas do filme “Mr. Bean’s Holiday” que realmente inspirou estes jovens engenheiros electrotécnicos. A meio do filme é usada uma “solex”, uma mota cuja tracção é feita através de uma roda de atrito, ou seja, com uma roda metálica a traccionar o pneu e a fazer força para causar movimento. “Foi o nosso ponto de partida, inspirámo-nos aí. A tracção era feita à frente. Fisicamente era uma má escolha, porque ao travar o peso [da pessoa] vai para a frente. No caso do KEET, a tracção é feita na roda traseira e é uma das grandes diferenças e vantagens”, explica Filipe.
O KEET é, então, composto por um motor eléctrico, que é aplicado ao espigão do selim e que transfere o movimento e a potência para a roda traseira por via de uma roda de atrito. Desta forma, sendo um sistema externo à bicicleta não há necessidade de modificar a sua estrutura. Depois de colocado no selim, basta ligar o botão do KEET, sentar na bicicleta e andar. Mas não mais do que a 25 km/h. Este é o limite de velocidade imposto por lei para este tipo de sistemas. A autonomia estimada para a bateria é de 20 a 30 km/h.
Embora tenha surgido no âmbito académico, a ideia não se deixou ficar por aí. Filipe e Agostinho decidiram desenvolver o produto, concorreram ao Passaporte para o Empreendedorismo e criaram a “start-up” “eMotion” (“Electric Motion”). “Criar soluções inovadoras que permitam aumentar o conforto das pessoas que andam de bicicletas” é a missão deste projecto de empreendedorismo. Recentemente, os dois jovens participaram no Programa de Aceleração de Startups e a “eMotion” foi uma das 17 “start-ups” apresentadas no Startup Pitch Day do UPTEC, a 29 de Setembro. Os objectivos passam, agora, por finalizar os acabamentos estéticos do produto e atrair investimento.
Um KEET para qualquer bicicleta, para qualquer pessoa
“O nosso intuito sempre foi ter algo versátil e portável. Seriam as nossas máximas. Uma coisa que permitisse a qualquer pessoa transformar as suas bicicletas em bicicletas eléctricas, qualquer uma que tenham em casa, seja a do miúdo ou a da esposa”, salienta.
Versatilidade, funcionalidade, portabilidade e simplicidade são as vantagens do KEET, apontadas por Filipe: “Versátil, porque consegue aplicar-se em qualquer tipo de bicicleta; funcional, porque é só desapertar um parafuso e está feito; portável, porque terá à volta de três, quatro quilos. Uma pessoa pode pegar e levar. Se deixar a bicicleta no parque e não quiser deixar lá o KEET, pode trazê-lo; e é mais simples, porque simples é o resumo das características”.
Mas atenção, o KEET pretende auxiliar e não substituir. “Permite tornar uma bicicleta eléctrica na medida em que ajuda a sua movimentação. A ideia é a pessoa dar ao pedal e isto acompanhar”, esclarece. A velocidade é controlada pela força com que se carrega no pedal: dependendo da velocidade da roda, o KEET percebe, através do sensor interno, qual é a velocidade que deve aplicar à roda ou se deve retirá-la; se não sentir aceleração no pedal, não faz nada.
Como o produto ainda não se encontra finalizado, os custos ainda não estão definidos. No entanto, Filipe adianta que o valor do KEET será entre 800/1000 euros.
Ainda que venha, posteriormente, a dirigir-se às massas, numa primeira fase o KEET destina-se essencialmente a um público específico: “Àquelas pessoas que gostam mais de andar de bicicleta ao fim-de-semana e que durante a semana queriam andar, mas não o fazem, porque acham que vão chegar ao trabalho mais cansadas”.
Texto editado por Luís Octávio Costa