Novo presidente do CRUP dá prioridade ao reforço da autonomia universitária

Reitor da Universidade do Minho, António Cunha, sucede a António Rendas. Orçamento de Estado é o primeiro desafio.

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Manuel Roberto

O presidente do CRUP considera a definição do quadro de autonomia das universidades fundamental para que sejam possíveis projectos de ensino e investigação mais diferenciados. “Não tenho dúvida que demos que ter universidades mais diferentes umas das outras”, sublinha ao PÚBLICO. A indefinição criada pelo anúncio do fim do regime fundacional por parte do Governo e o atraso na revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior não ajudam a clarificar esta situação.

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O presidente do CRUP considera a definição do quadro de autonomia das universidades fundamental para que sejam possíveis projectos de ensino e investigação mais diferenciados. “Não tenho dúvida que demos que ter universidades mais diferentes umas das outras”, sublinha ao PÚBLICO. A indefinição criada pelo anúncio do fim do regime fundacional por parte do Governo e o atraso na revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior não ajudam a clarificar esta situação.

“Sempre que sai um novo orçamento há sempre a dúvida se as universidades estão abrangidas ou não”, lembra Cunha. O ensino superior está sujeito a algumas regras que, para o novo presidente do CRUP, “não têm sentido”, sobretudo em matéria de contratação de pessoal e do regime de comparas. “Nós somos administração pública, mas estamos em concorrência internacional e precisamos de ter mais flexibilidade”.

Por isso, espera que o OE para 2015 não tenha surpresas em matérias como as cativações de receitas próprias por exemplo. Em Agosto, as universidades receberam do Governo a informação de que, no próximo ano, iam sofrer um novo corte de financiamento de 10 milhões de euros e esperam que não haja mexidas nesse valor. “Foi com base nisso que trabalhamos e que fizemos contratações. Não faz sentido agora haver alterações”, defende António Cunha.

Cunha não pretende, porém, que o seu mandato fique “capturado pela discussão de questões orçamentais” e elenca dossiês como a carreira docente universitária, a centralidade das universidades na produção científica nacional, a internacionalização e a interacção mais efectiva com a sociedade como prioridades para os próximos três anos à frente do CRUP.

A discussão entre os reitores na reunião desta terça-feira ficou também marcada pelos resultados da avaliação das unidades de investigação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia – e que excluiu metade dos laboratórios do financiamento público.  “Era uma oportunidade para dar um salto efectivo no nosso sistema de investigação”, entende o líder do conselho de reitores, mas “decisões inexplicáveis” colocaram esse objectivo em causa e vão “trazer graves danos para o sistema”, antecipa António Cunha.  

O reitor da Universidade do Minho foi eleito no plenário do CRUP desta terça-feira com 12 votos favoráveis e dois votos brancos. António Cunha tem 53 anos, nasceu em Braga e é licenciado em Engenharia de Produção e doutorado Engenharia de Polímeros. Como investigador, trabalhou na área de processamento e comportamento de polímeros e compósitos e tem uma ligação forte ao tecido empresarial. É detentor de quatro patentes e foi administrador do Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros Centro de Excelência e Inovação da Indústria Automóvel.

O novo presidente do CRUP ficará no cargo até 2017, data em que termina também o seu mandato como reitor da Universidade do Minho, cargo para o qual foi reeleito há precisamente um ano. Deste modo, Cunha torna-se o segundo reitor da Universidade do Minho e liderar o conselho de reitores, depois de Sérgio Machado dos Santos, no final da década de 1990.

O reitor minhoto sucede ao líder da Universidade Nova de Lisboa, António Rendas, que deixa o cargo para o qual tinha sido eleito em Fevereiro de 2010. A demissão foi apresentada no final da última reunião do CRUP, no final do mês passado, tendo então invocado a necessidade de se dedicar mais à sua instituição como justificação para deixar o lugar, mas o presidente cessante diz-se disponível para continuar a colaborar com aquele organismo.