Frank Gehry transparente no novo edifício da Fundação Louis Vuitton
Segundo projecto do arquitecto em Paris já foi premiado antes de ser inaugurado. Abre ao público na segunda-feira com concertos dos Kraftwerk e Lang Lang.
É assim, como uma regata, um conjunto de velas a soprar em diferentes direcções em torno de um corpo de betão, que Gehry descreve à revista Forbes o edifício agora terminado. A obra começou há seis anos, mas o processo que levou à construção de mais uma jóia da coroa do império de luxo do grupo Louis Vuitton-Moet Hennessy (LVMH) de Arnault começou há 13. O CEO de um dos mais valiosos conglomerados do sector visitou o Guggenheim de Bilbau em 2001 e em 2006 fechou negócio com o arquitecto nascido em Toronto e também detentor de nacionalidade norte-americana.
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É assim, como uma regata, um conjunto de velas a soprar em diferentes direcções em torno de um corpo de betão, que Gehry descreve à revista Forbes o edifício agora terminado. A obra começou há seis anos, mas o processo que levou à construção de mais uma jóia da coroa do império de luxo do grupo Louis Vuitton-Moet Hennessy (LVMH) de Arnault começou há 13. O CEO de um dos mais valiosos conglomerados do sector visitou o Guggenheim de Bilbau em 2001 e em 2006 fechou negócio com o arquitecto nascido em Toronto e também detentor de nacionalidade norte-americana.
Chamam-lhe então um barco à vela, uma nuvem, ou até um icebergue. Implantado na zona Oeste de Paris junto ao Jardin d’Acclimatation, tem perto de 12.000 m2 e 13.500 m2 de superfícies de vidro para o exterior, dos quais grande parte dizem respeito às 12 velas torcidas de vidro que o envolvem – ao contrário do titânio usado pelo Pritzker de 1989 no museu de Bilbau. No seu interior há onze espaços de galeria de diferentes tamanhos para acolher exposições, num total de 3850m2 de espaço expositivo, uma livraria, um restaurante no piso térreo e quatro terraços com vista para o Bois de Boulogne e para Paris. O programa para o edifício de 46 metros de altura incluía também um auditório com 350 a mil lugares.
Mesmo antes da sua abertura ao público, o edifício - o segundo de Gehry na cidade, onde projectou o American Center em 1994 - já ganhou o prémio Building Information Model Prize of Exellence do American Institute of Architects e o National Grand Prix of Engineering do Governo francês. De acordo com um comunicado da Vuitton, a fundação “associar-se-á principalmente à criação artística em todas as suas formas”, através da colecção permanente – que vai buscar peças às colecções privada de Arnault e da fundação – e de duas exposições temporárias por ano, além de eventos musicais. A abertura da fundação será marcada por oito concertos dos Kraftwerk (entre 6 e 14 de Novembro), um recital do pianista Lang Lang (dia 28) e sabe-se já que se vão mostrar novas encomendas aos artistas plásticos Ellsworth Kelly e Olafur Eliasson – este último será alvo de uma exposição mais para a frente, comissariada pela directora artística da fundação, Suzanne Pagé, vinda do Museu de Arte Moderna de Paris.
Nestas primeiras semanas, o arquitecto estará presente também no seu interior como parte da programação. Segundo a fundação, uma exposição sobre o seu trabalho estará em articulação com a primeira grande retrospectiva europeia de Gehry que abriu dia 8 no Centre Pompidou.
“Bernard Arnault apresentou-me um belo programa e uma visão para o projecto”, diz Gehry à Forbes sobre a inspiração na base para este projecto. “Queria ser sensível à paisagem, bela, e dar a Bernard os interiores de que ele precisava para arte. O vidro do edifício deve criar uma presença efémera no parque – reflectir as árvores e o céu, sempre a mudar. Nenhum de nós queria um edifício pesado”.
O projecto nasceu num avião, depois de Gehry se ter emocionado e inspirado numa visita ao Jardin d’Acclimatation, um parque familiar que é o mais antigo da capital francesa, com 18 hectares. Criado em 1860 por ordem de Napoleão III para que as plantas trazidas das colónias tropicais se aclimatassem ao tempo francês, tornou-se uma zona de recreio dos parisienses. Ali, o arquitecto teve imediatamente, rezam as histórias contadas à imprensa, uma imagem de Marcel Proust a passear-se pelo jardim que viria a ser vizinho do seu edifício.
Uma viagem de avião depois, estava feito o esboço do projecto e sucederam-se-lhe os modelos feitos à mão por Gehry. Só depois foram transpostos para o computador e o edifício com vista para a Torre Eiffel e para o Arco do Triunfo começava a tomar forma.
“A questão da transparência gerou-se a partir do local” onde se ergueria o edifício, disse à revista americana, frisando que viu o espaço não como um desafio ou obstáculo, mas como uma grande oportunidade. Apesar de a ideia de Arnault ter nascido após a visita ao Guggenheim basco, a Fondation Vuitton “não é um remake de Bilbau”, garante ao El País o arquitecto. “Vinte anos depois, nem o melhor arquitecto pode repetir o melhor edifício.”
Os custos do projecto oscilam entre os cem e os 160 milhões de euros conforme a fonte e esta é, no fundo e como descreve o Financial Times, uma casa para a colecção de arte de Bernard Arnault. Que inclui peças de Picasso, Yves Klein, Henry Moore, Andy Warhol, Frank Serra, Jeff Koons, Gilbert&George, Basquiat, Francis Bacon, Damien Hirst ou Mark Rothko.
Lá decorreu o desfile de pronto-a-vestir da Vuitton para o Verão de 2015, há duas semanas, e a oposição que este implante no acarinhado Jardin d’Acclimatation foi ultrapassada - vários grupos preocupados com a conservação do Bois de Boulogne tentaram impedir a construção, mas foram vencidos em tribunal, e, segundo a Economist, o projecto está legalmente enquadrado como imóvel de interesse público e foi acordado que a ocupação do terreno (onde antigamente funcionava um salão de bowling) se faria em troca da passagem do edifício para as mãos da autarquia dentro de 55 anos.