Bryan Adams não é músico nem fotógrafo, é artista

O canadiano inaugurou Bryan Adams Exposed, uma exposição de fotografia em Cascais, mas foi a sua carreira como músico que mais foi lembrada durante a visita. Separar uma arte da outra não é fácil e ele também não o quer fazer. Diz que as duas coisas são a mesma.

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Bryan Adams ao lado do retrato de Gisela João Miguel Manso

E ai de quem considere que se trata de um passatempo. É trabalho a sério, garante. “Não tenho realmente um hobby, quando faço alguma coisa dedico-me a 100%, levo tudo muito a sério”, diz Bryan Adams, admitindo, em resposta ao PÚBLICO, que a sua carreira na música o colocou numa posição privilegiada para chegar a algumas das pessoas que já fotografou. É um nome conhecido, também ele habituado aos holofotes virados para si grande parte do tempo. Sabe o que dizer, sabe como estar. “A fotografia digital permite que se vejam as imagens feitas na hora. Eu fotografo e mostro e, se por acaso não gostarem daquela fotografia, então não a uso”, explica o canadiano que em Maio esteve por cá a fotografar Gisela João, Ana Moura, Aldina Duarte, Carminho e Cuca Roseta. Retratos que agora podem ser vistos em Cascais e ainda nas capas da edição portuguesa da revista Vogue.

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E ai de quem considere que se trata de um passatempo. É trabalho a sério, garante. “Não tenho realmente um hobby, quando faço alguma coisa dedico-me a 100%, levo tudo muito a sério”, diz Bryan Adams, admitindo, em resposta ao PÚBLICO, que a sua carreira na música o colocou numa posição privilegiada para chegar a algumas das pessoas que já fotografou. É um nome conhecido, também ele habituado aos holofotes virados para si grande parte do tempo. Sabe o que dizer, sabe como estar. “A fotografia digital permite que se vejam as imagens feitas na hora. Eu fotografo e mostro e, se por acaso não gostarem daquela fotografia, então não a uso”, explica o canadiano que em Maio esteve por cá a fotografar Gisela João, Ana Moura, Aldina Duarte, Carminho e Cuca Roseta. Retratos que agora podem ser vistos em Cascais e ainda nas capas da edição portuguesa da revista Vogue.

Esta ideia, conta, surgiu de um convite da revista, com a qual Bryan Adams já tinha trabalhado no passado. Foram estas fadistas as escolhidas por representarem uma nova geração no fado, mas também por serem bonitas, claro. “Basta ver”, brinca, explicando que para esta exposição em Cascais, procurou ter “algo nacional”. “Não queria que fosse apenas internacional.”

As cinco fadistas estão expostas ao lado de grandes nomes da cultura contemporânea mundial, de Kate Moss a Julianne Moore, de Ben Kingsley a Mickey Rourke, de Amy Winehouse a Morrissey, de Mick Jagger a Salman Rushdie, da rainha de Inglaterra ao treinador português José Mourinho. São dezenas de retratos, muitos deles já publicados no livro que agora dá nome à exposição – Exposed e que foi publicado em 2012 pela editora alemã Steidl.

Mas não é só de glamour e do brilho das estrelas que se faz esta exposição. Na verdade, a mostra que ocupa o segundo piso da Centro Cultural de Cascais está dividida em duas partes. Além dos retratos destas figuras conhecidas, há as fotografias daqueles cujos nomes não conhecemos, mas que Bryan Adams nos quer apresentar. São eles os soldados britânicos que combateram no Iraque e no Afeganistão e que voltaram diferentes do que eram quando para lá foram enviados. Trazem mazelas para a vida. Mutilados, queimados. É o contraste absoluto com o que vemos na sala ao lado.

“Este é o mundo real, temos o bom e o mau”, diz Bryan Adams. As imagens são difíceis de ver “porque nos é sempre tão fácil olhar para o lado”. Falamos dos soldados quando vão para a guerra, quando regressam ou quando são notícia por um qualquer outro motivo mas depois já não sabemos quem eles são, o que fizeram, o sofreram. São nomes que desaparecem depressa. Fotografou estes homens exactamente para não nos esquecermos que uma guerra tem consequências, consequências essas que temos de enfrentar.

Estas fotografias, em exposição até 1 de Fevereiro de 2015, fazem parte de um outro projecto de Adams, Wonded, exactamente sobre estes soldados. Em Cascais não estão todos representados, é uma amostra de um trabalho que não tem fim. Está sempre a ser feito. É este mais difícil do que Exposed? “Não há fotografias fáceis”, responde prontamente, ao mesmo tempo também que diz não ser afectado por críticas. “Se o teu trabalho não for bom, ninguém vai olhar. Se for, vai chamar à atenção.”

A julgar pelo aparato desta terça-feira em Cascais, Bryan Adams conseguiu-o. O seu trabalho como fotógrafo não passou despercebido, mas já que o músico está aqui aproveita-se para perguntar como vai também a sua vida nessa área. Trouxe a sua guitarra? Para quando um concerto em Portugal? São algumas das perguntas que se ouvem. E há ainda quem tente os trocadilhos: “Sente-se no céu por estar aqui no local onde passou o Verão de 69 [em referência a Heaven e a Summer of '69 ”? Ele sorri, diz estar feliz por estar de volta à vila onde passou alguns anos da sua infância e por agora poder passar algumas dessas memórias às suas duas filhas. Quanto a concertos? “Brevemente, talvez para o ano, estamos a ver isso.”