Governo de Hong Kong fecha porta ao diálogo e manifestantes prometem voltar às ruas

Líderes estudantis fazem apelo a mais manifestações e bloqueios de ruas. Aberta investigação a caso de corrupção que envolve líder do governo local.

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Ruas estão mais calmas, mas podem voltar as ocupações Ed Jones / AFP

Desde o início da semana que os protestos têm perdido o fulgor dos dias anteriores, em que dezenas de milhares de pessoas bloquearam várias zonas do coração de Hong Kong. O governo local abriu as portas às conversações com os líderes dos protestos, que exigem eleger directamente os seus governantes – uma nova reforma eleitoral prevê que apenas os candidatos previamente aprovados por um comité próximo de Pequim se possam apresentar aos eleitores.

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Desde o início da semana que os protestos têm perdido o fulgor dos dias anteriores, em que dezenas de milhares de pessoas bloquearam várias zonas do coração de Hong Kong. O governo local abriu as portas às conversações com os líderes dos protestos, que exigem eleger directamente os seus governantes – uma nova reforma eleitoral prevê que apenas os candidatos previamente aprovados por um comité próximo de Pequim se possam apresentar aos eleitores.

A decisão está, em última instância, junto do Governo chinês – que será inflexível quanto ao seu rumo –, mas a perspectiva de que iria haver conversações directas entre os manifestantes pró-democracia e o poder local levou a que aos poucos os principais focos dos protestos fossem desocupados. Depois de quase dez dias de manifestações maciças, mesmo os apoiantes dos protestos pretendiam regressar ao quotidiano.

No entanto, essa perspectiva gorou-se nesta quinta-feira, com o recuo do governo local em relação à promessa de diálogo com os activistas. A secretária-chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, afirmou ser “impossível ter um diálogo construtivo” perante os constantes apelos dos líderes dos protestos à manutenção da ocupação das ruas.

“O apelo dos estudantes para uma expansão de um movimento não cooperante abalou a confiança necessária para as nossas conversações”, disse a número dois do governo local. Os líderes estudantis – a força motriz dos protestos – nunca abandonaram a ideia de que as manifestações deveriam continuar, mesmo em caso de diálogo.

A resposta do líder da Federação de Estudantes, Alex Chow, não se fez esperar, e acusou o governo de utilizar o apelo dos estudantes como “uma desculpa” para não avançar para o diálogo. “Lam disse que estamos a usar o diálogo para chamar mais pessoas para a rua, uma vez que o número de manifestantes está a diminuir. Mas na verdade foi uma multidão enorme que conseguiu fazer recuar um pouco o governo, portanto os cidadãos devem regressar e ocupar as ruas”, disse o activista.

O chefe do governo de Hong Kong, Leung Chun-ying, é o principal alvo dos protestos, com as ruas a pedirem a sua demissão, principalmente depois de ter autorizado a utilização de gás pimenta e lacrimogéneo sobre milhares de manifestantes. A posição de Pequim tem sido a de reiterar a plena confiança na actual administração, mas o cenário pode estar prestes a mudar.

Esta semana vieram a público indícios de que Leung terá recebido pagamentos no valor de 6,4 milhões de dólares por ter sido o mediador da aquisição da DTZ, a empresa de consultoria onde trabalhava, pela UGL, uma multinacional da área da engenharia, já depois de estar em funções públicas. O Departamento de Justiça de Hong Kong abriu nesta quinta-feira uma investigação aos pagamentos e, a provarem-se os factos, esta pode ser a sua porta de saída.