Seguro renuncia ao mandato de deputado
Decisão estava tomada desde a noite em que se demitiu da liderança do PS.
Desde que foi derrotado por António Costa nas eleições primárias de 28 de Setembro, Seguro não tinha regressado ao Parlamento, estando a incorrer em faltas até agora injustificadas.
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Desde que foi derrotado por António Costa nas eleições primárias de 28 de Setembro, Seguro não tinha regressado ao Parlamento, estando a incorrer em faltas até agora injustificadas.
Seguro deixa formalmente o Parlamento na véspera da primeira reunião da bancada socialista com a nova direcção, presidida por Ferro Rodrigues, e com a presença de António Costa. E já não assistirá, no hemiciclo, ao primeiro debate quinzenal da era Costa.
Ao que o PÚBLICO apurou, a decisão estava tomada desde, pelo menos, a noite eleitoral, altura em que anunciou a sua demissão de secretário-geral e afirmou que voltaria à sua condição de militante de base, condição que garantiu manter depois do congresso do PS. "Concluo hoje uma das fases mais estimulantes e gratificantes da minha vida política", afirmou.
E se esse foi o fim anunciado deste ciclo da sua vida, Seguro reafirmou logo ali o seu "compromisso cívico" para o futuro. "Acredito que é possível fazermos de Portugal um país justo e decente, onde os nossos filhos tenham futuro e os nossos pais tenham presente. Continuaremos a lutar por mais transparência na vida pública", afirmou então.
Na semana seguinte, comunicou formalmente a sua renúncia ao lugar de membro do Conselho de Estado, cargo para o qual fora eleito pela Assembleia da República. Esta quarta-feira à noite deverá formalizar a sua renúncia ao mandato junto da Comissão de Ética.
De acordo com a edição electrónica do Diário de Notícias, que avançou a notícia da renúncia de mandato, António José Seguro está de "regresso à actividade privada", para já na área da docência. "Seguro foi convidado, e aceitou, voltar a leccionar numa universidade", referiu o Diário de Notícias.
Seguro estava no Parlamento desde 1991, tendo apenas interrompido o seu mandato de deputado para ocupar os cargos de secretário de Estado da Juventude, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro e ministro adjunto do primeiro-ministro nos governos de António Guterres.
Na Assembleia da República, António José Seguro foi líder parlamentar do Grupo Parlamentar do PS, presidente de várias comissões e liderou o processo de reforma do funcionamento da Assembleia da República. Entre 2006 e 2011, foi presidente da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura e presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Económicos, Inovação e Energia.
Esteve também no Parlamento Europeu de 1999 a 2001, onde desempenhou vários cargos, entre os quais o de vice-presidente do Grupo do Partido Socialista Europeu e co-relator do Relatório do Parlamento Europeu sobre o Tratado de Nice e o Futuro da União Europeia.
Decisão "compreensível"
O presidente da bancada do PS, Ferro Rodrigues, considerou "perfeitamente" compreensível a decisão de António José Seguro renunciar ao seu mandato de deputado e adiantou que já enviou ao secretário-geral demissionário votos de felicidades pessoais.
Já Álvaro Beleza, membro do Secretariado de Seguro, considerou a decisão do ex-líder como sendo própria de uma pessoa "honrada, digna" e que não depende da vida política."Outra coisa não era de esperar de António José Seguro. É uma atitude própria de uma pessoa digna, honrada e de quem não depende da vida política", reagiu Álvaro Beleza, que na semana passada se reuniu com o vencedor das eleições primárias socialistas, António Costa, para estabelecer uma solução de unidade interna antes do próximo congresso nacional do PS.
Na declaração enviada aos jornalistas, Álvaro Beleza, membro do secretariado nacional cessante do PS, salientou que António José Seguro, "com 52 anos, é ainda um jovem na política portuguesa" que "ainda terá muito a dar ao PS e a Portugal".