Em mês de “tréguas” na Ucrânia morreram mais de 300 pessoas
No início de Setembro foi assinado um acordo de cessar-fogo, mas os combates entre o Exército e os separatistas continuaram. Confronto fez 3600 vítimas desde Abril.
O relatório do Alto-Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas chama igualmente a atenção para “o número crescente de combatentes estrangeiros, incluindo cidadãos russos, que vieram reforçar entre 24 de Agosto e 5 de Setembro as fileiras dos grupos armados das autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e de Lugansk”. O Governo ucraniano, em conjunto com a NATO, acusa a Rússia de apoiar as forças separatistas e de ter enviado soldados para o Leste do país, algo que o Kremlin já negou em várias ocasiões.
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O relatório do Alto-Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas chama igualmente a atenção para “o número crescente de combatentes estrangeiros, incluindo cidadãos russos, que vieram reforçar entre 24 de Agosto e 5 de Setembro as fileiras dos grupos armados das autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e de Lugansk”. O Governo ucraniano, em conjunto com a NATO, acusa a Rússia de apoiar as forças separatistas e de ter enviado soldados para o Leste do país, algo que o Kremlin já negou em várias ocasiões.
No último mês – durante o qual esteve em vigor um acordo de cessar-fogo – foram mortas 331 pessoas, embora algumas já pudessem ter morrido antes das tréguas, diz o relatório.
As tréguas assinadas em Minsk a 5 de Setembro têm tido pouco reflexo no terreno, sobretudo na zona de Donetsk – a cidade mais importante controlada pelas forças separatistas. Na madrugada desta quarta-feira foram mortos três civis e três soldados ucranianos durante um combate que teve início ao fim da tarde do dia anterior. Os bombardeamentos vinham da zona do aeroporto de Donetsk, foco intenso de conflitos e que passa de mãos quase diariamente, segundo os jornalistas da AFP no local. Já nesta quarta-feira, tiros de rockets disparados contra uma zona comercial da cidade, controlada pelos separatistas, provocaram dois mortos e quatro feridos.
O acordo prevê a delimitação de uma zona desmilitarizada de cerca de 30 quilómetros de largura – que se estende de norte a sul do Leste do país – entre as regiões controladas pelo Governo e pelos separatistas. O cessar-fogo tem sido cumprido ao longo da maior parte desse perímetro, excepto em Donetsk e em Schastia, perto de Lugansk, segundo o relatório. No início do mês havia 375.792 pessoas desalojadas, de acordo com a AFP.
“Enquanto o cessar-fogo é um passo muito bem-vindo para acabar com os combates no Leste da Ucrânia, peço a todas as partes que o respeitem e o cumpram genuinamente”, apelou o alto-comissário para os Direitos Humanos da ONU, Zeid Al-Hussein.
O relatório, elaborado pelo grupo de 35 observadores da missão da ONU na Ucrânia, descreve ainda a acção de “grupos armados que continuam a aterrorizar a população na área sob seu controlo, levando a cabo execuções, sequestros, tortura, maus tratos e outros abusos graves de direitos humanos”. “Houve também queixas contínuas de violações de direitos humanos cometidas por alguns batalhões de voluntários sob controlo do Governo”, lê-se no documento. Ao lado do Exército ucraniano têm lutado grupos milicianos, muitos deles conotados com grupos paramilitares de inspiração neonazi.
Para fazer face às dificuldades em fazer cumprir o cessar-fogo, a França e a Alemanha planeiam enviar forças de pacificação para o terreno. Actualmente, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) tem 90 observadores destacados no Leste da Ucrânia, mas o chefe da missão ucraniana, Michael Borciurkiw, pretende alcançar o dobro.
O relatório apela ainda ao cumprimento das leis aprovadas recentemente pelo Parlamento ucraniano que dizem respeito à amnistia geral para “os participantes nos eventos nas regiões de Donetsk e Lugansk (...), excepto para alguns crimes graves”, e ao estatuto especial de autonomia concedido às partes das duas regiões controladas pelos separatistas.