Marina, a perdedora, ainda pode ganhar?
A candidata derrotada no Brasil volta a ter nas mãos a chave do poder, como sucedeu há quatro anos.
Há quatro anos, a 5 de Outubro de 2010, o PÚBLICO titulava: “Votos de Marina vão decidir segunda volta”. Agora, o título poderia repetir-se. Mas com diferenças de peso. Se em 2010, Dilma (PT) e Serra (PSDB) não beneficiaram de qualquer indicação de voto por parte de Marina Silva na segunda volta, desta vez a candidata que (devido à morte trágica de Eduardo Campos) encabeçou a candidatura do PSB já deixou no ar a indicação de que não repetirá tal neutralidade. Esta hipótese pode, à primeira vista, beneficiar Aécio Neves (que ocupa, pelo PSDB, o lugar que José Serra ocupou em 2010, ao enfrentar Dilma Rousseff como candidato ao Palácio do Planalto. Isto porque Aécio foi mais brando do que Dilma nos ataques à candidatura de Marina. E porque entre Marina e Dilma há um clima, antigo, de disputa que impede à partida uma aproximação. No entanto, a incógnita deixada por Marina (irá pronunciar-se, mas não já) coloca os seus 22 milhões de votos numa mesa de “negociações”. Dilma e Aécio precisam deles para garantir uma vitória a 26 de Outubro e vão fazer tudo para os conseguir, já que os votos dos partidos mais pequenos de pouco adiantarão à sua supremacia. Porém, mesmo que Marina decida apoiar Aécio, esse apoio não transferirá automaticamente os seus votos para o candidato do PSDB. O capital de desconfiança, reinante nestas eleições, ainda não se desvaneceu e o peso do voto “contra” (contra Dilma, Marina ou Aécio) há-de fazer-se sentir na segunda volta, faltando apenas saber quem dele tirará os maiores lucros. Para já, quer Dilma quer Aécio, atiçados pelos mentores das suas campanhas, irão tentar expor, com maior ou menor virulência, os “pecados” do adversário, a começar pelos escândalos de corrupção e a acabar naquilo que mais assusta quer o eleitorado de esquerda quer o de direita. Espera-se um braço-de-ferro. E Marina, a derrotada, arrecadará os trunfos do desempate.
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Há quatro anos, a 5 de Outubro de 2010, o PÚBLICO titulava: “Votos de Marina vão decidir segunda volta”. Agora, o título poderia repetir-se. Mas com diferenças de peso. Se em 2010, Dilma (PT) e Serra (PSDB) não beneficiaram de qualquer indicação de voto por parte de Marina Silva na segunda volta, desta vez a candidata que (devido à morte trágica de Eduardo Campos) encabeçou a candidatura do PSB já deixou no ar a indicação de que não repetirá tal neutralidade. Esta hipótese pode, à primeira vista, beneficiar Aécio Neves (que ocupa, pelo PSDB, o lugar que José Serra ocupou em 2010, ao enfrentar Dilma Rousseff como candidato ao Palácio do Planalto. Isto porque Aécio foi mais brando do que Dilma nos ataques à candidatura de Marina. E porque entre Marina e Dilma há um clima, antigo, de disputa que impede à partida uma aproximação. No entanto, a incógnita deixada por Marina (irá pronunciar-se, mas não já) coloca os seus 22 milhões de votos numa mesa de “negociações”. Dilma e Aécio precisam deles para garantir uma vitória a 26 de Outubro e vão fazer tudo para os conseguir, já que os votos dos partidos mais pequenos de pouco adiantarão à sua supremacia. Porém, mesmo que Marina decida apoiar Aécio, esse apoio não transferirá automaticamente os seus votos para o candidato do PSDB. O capital de desconfiança, reinante nestas eleições, ainda não se desvaneceu e o peso do voto “contra” (contra Dilma, Marina ou Aécio) há-de fazer-se sentir na segunda volta, faltando apenas saber quem dele tirará os maiores lucros. Para já, quer Dilma quer Aécio, atiçados pelos mentores das suas campanhas, irão tentar expor, com maior ou menor virulência, os “pecados” do adversário, a começar pelos escândalos de corrupção e a acabar naquilo que mais assusta quer o eleitorado de esquerda quer o de direita. Espera-se um braço-de-ferro. E Marina, a derrotada, arrecadará os trunfos do desempate.