Terrorismo e semântica

As revoltantes e odiosas decapitações de reféns exibidas pelos terroristas do chamado “Estado Islâmico” (EI) levaram o secretário-geral da Interpol, o norte-americano Ronald K. Noble, a defender em comunicado oficial que deveriam passar a ser conhecidos, não pelo nome e sigla que exibem, mas por “Cowardly Murderers” (CM), ou seja, assassinos cobardes. Isto não é apenas um devaneio, é um apelo sem fronteiras: a comunidade global e as forças da lei deveriam passar a chamá-los assim. Noble tem razão num ponto: o nome “Estado Islâmico” não devia ser reconhecido a criminosos que não são, em termos absolutos, nem uma coisa nem outra. Mas daí a propor um “castigo” semântico para quem tem resistido a tentativas de castigos maiores (a começar pelos exércitos oficiais, que derrotam, e a acabar nos bombardeamentos aliados, a que sobrevivem) vai uma grande distância. Se merecem guerra, seja qual for o seu nome, é guerra que devem ter.

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As revoltantes e odiosas decapitações de reféns exibidas pelos terroristas do chamado “Estado Islâmico” (EI) levaram o secretário-geral da Interpol, o norte-americano Ronald K. Noble, a defender em comunicado oficial que deveriam passar a ser conhecidos, não pelo nome e sigla que exibem, mas por “Cowardly Murderers” (CM), ou seja, assassinos cobardes. Isto não é apenas um devaneio, é um apelo sem fronteiras: a comunidade global e as forças da lei deveriam passar a chamá-los assim. Noble tem razão num ponto: o nome “Estado Islâmico” não devia ser reconhecido a criminosos que não são, em termos absolutos, nem uma coisa nem outra. Mas daí a propor um “castigo” semântico para quem tem resistido a tentativas de castigos maiores (a começar pelos exércitos oficiais, que derrotam, e a acabar nos bombardeamentos aliados, a que sobrevivem) vai uma grande distância. Se merecem guerra, seja qual for o seu nome, é guerra que devem ter.