Matosinhos quer ser sede do Museu Nacional da Arquitectura
Autarquia assinou com a Ordem dos Arquitectos um protocolo de colaboração, que visa iniciar um diálogo com outras instituições do país.
O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira pelo presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, no decorrer de uma visita guiada às instalações daquela unidade fabril que, entre 1901 e 1930, foi a Real Companhia Vinícola, da sociedade Meneres & Cª., e após a assinatura de um protocolo entre a associação Casa da Arquitectura e a Ordem dos Arquitectos (OA).
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O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira pelo presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, no decorrer de uma visita guiada às instalações daquela unidade fabril que, entre 1901 e 1930, foi a Real Companhia Vinícola, da sociedade Meneres & Cª., e após a assinatura de um protocolo entre a associação Casa da Arquitectura e a Ordem dos Arquitectos (OA).
“Se há uma cidade no país com a ousadia de encontrar um lugar onde deva ser feito o Museu Nacional da Arquitectura, é Matosinhos”, reivindicou o autarca, invocando os nomes de Álvaro Siza, aqui nascido, de Eduardo Souto de Moura e de muitos outros arquitectos com obra feita na terra. “A arquitectura é parte da identidade de Matosinhos”, continuou Guilherme Pinto, congratulando-se com a decisão da OA de subscrever com a associação Casa da Arquitectura um protocolo que visa não só “estreitar as relações de cooperação e intercâmbio” entre as duas instituições mas também iniciar um diálogo com vista à instituição de um Museu Nacional da Arquitectura.
Na sua intervenção, o presidente da OA, João Santa-Rita, lembrou o facto de Portugal ser “um dos raros países da Europa que não tem uma instituição nacional para a arquitectura”. Mas pôs também a tónica na necessidade de se iniciar uma discussão alargada a todo o país e de reunir esforços tendentes a esse objectivo.
Já no decorrer da visita às velhas instalações da Real Vinícola, João Santa-Rita especificou aos jornalistas que a assinatura do presente protocolo “não compromete a OA” com a defesa de Matosinhos como sede obrigatória dum futuro Museu Nacional da Arquitectura, antes abre um caminho para um debate que venha a envolver as várias instituições que em diferentes lugares têm trabalho realizado, ou projectos, nessa área.
Guilherme Pinto aceita, de resto, que o projecto do museu “não tem sentido se não tiver uma dimensão nacional”. E o arquitecto Nuno Sampaio, actual director executivo da associação Casa da Arquitectura, acrescentou que esse projecto nacional “só será verdadeiramente possível se contar com o envolvimento do Estado”.
O presidente da Câmara de Matosinhos voltou a lamentar a impossibilidade de se avançar com o projecto que Álvaro Siza fez expressamente para uma Casa da Arquitectura construída de raiz, junto ao porto de Leixões, e que custaria 43 milhões de euros, uma verba que o autarca considerou "actualmente incomportável". A situação, recorde-se, motivou já críticas do arquitecto às opções da autarquia.
Guilherme Pinto diz que a decisão actual de instalar a Casa da Arquitectura na Real Vinícola "não é o sonho perfeito, mas é um grande contributo" para o projecto de um museu nacional.
A futura Casa da Arquitectura em Matosinhos irá contar, dentro da propriedade da Real Vinícola que a autarquia adquiriu por quatro milhões de euros e classificou como património municipal, com uma área de cerca de 2000 m2 para “recolher, tratar e expor publicamente os espólios dos arquitectos portugueses”, avançou Nuno Sampaio.
O projecto de intervenção no velho complexo tem assinatura do arquitecto Guilherme Vaz, e contempla também espaços para ateliers, biblioteca e auditório. Além da arquitectura, o edifício, que verá reposto o seu figurino original, vai também acolher a Orquestra de Jazz de Matosinhos, vai ter uma praça ao ar livre para restauração e ainda lojas que serão concessionadas em busca do retorno para um investimento que a câmara orçamenta em 3,180 milhões de euros.