Ferro Gaita: “Quando estamos no palco, à segunda ou terceira música já toda a gente adere”
Os cabo-verdianos Ferro Gaita levam a festa esta sexta-feira à noite ao Coliseu de Lisboa. Antes deles actua o jovem Michel Montrond, do Fogo.
“Foi num bar. E foi logo um sucesso. No outro dia já tínhamos treze convites para concertos!” Mas a música já vinha de trás. “Já tocávamos desde miúdos. Tínhamos um grupo que desapareceu em 1987, depois fomos para a tropa. Quando saí, criei vários grupos. Um deles era de reggae e não teve sucesso na altura porque não era música nossa.” Até que, num momento em que o funaná era tocado mais à base de electrónica, ele resolveu mandar arranjar o seu acordeão e fundar um grupo novo. Além dele havia baixo, bateria e, claro, ferro. Antes de entrar no grupo, Bino Branco era só cantor. “Comecei a tocar o ferro depois de entrar no Ferro Gaita. Antes tocava caneca, depois cantava umas mornas e tocava reco-reco, que tem o mesmo ritmo que o ferro só que o ferro é mais rápido e o reco-reco, na morna, é mais lento.”
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“Foi num bar. E foi logo um sucesso. No outro dia já tínhamos treze convites para concertos!” Mas a música já vinha de trás. “Já tocávamos desde miúdos. Tínhamos um grupo que desapareceu em 1987, depois fomos para a tropa. Quando saí, criei vários grupos. Um deles era de reggae e não teve sucesso na altura porque não era música nossa.” Até que, num momento em que o funaná era tocado mais à base de electrónica, ele resolveu mandar arranjar o seu acordeão e fundar um grupo novo. Além dele havia baixo, bateria e, claro, ferro. Antes de entrar no grupo, Bino Branco era só cantor. “Comecei a tocar o ferro depois de entrar no Ferro Gaita. Antes tocava caneca, depois cantava umas mornas e tocava reco-reco, que tem o mesmo ritmo que o ferro só que o ferro é mais rápido e o reco-reco, na morna, é mais lento.”
Em 1997 gravaram o primeiro disco. “Foi praticamente só funaná”, lembra Iduino. “No seguinte fizemos pesquisas para integrar outras músicas tradicionais de Santiago. Convidámos a Nácia Gomi para entrar numa música e introduzimos o búzio um pouco no estilo da tabanka.” O búzio que aparece na capa desse disco, Rei di Tabanka, é o mais antigo de Cabo Verde, terá mais de 100 anos e chamam-lhe bombona. “Os outros búzios que usamos é para fazer contracanto.” No concerto do Coliseu, que contará com os sete elementos do grupo, revisitarão toda a sua carreira: “Vamos trabalhar em palco o nosso repertório, desde o início até àquele que está para vir.”
Na primeira parte do concerto, que começa às 21h (com abertura de portas às 20h), actuará um jovem músico cabo-verdiano, Michel Montrond. Nascido a 9 de Fevereiro de 1981 na Ilha do Fogo, iniciou-se no cavaquinho aos 17 anos e aos 20 aprendeu trombone e teoria musical durante o serviço militar. De regresso ao Fogo, começou a tocar violão num grupo e, já a solo, a actuar em Cabo Verde e no estrangeiro. Tem promissor disco de estreia, de 2012: Kamin di Bedju.
Voltando aos Ferro Gaita: “Estamos a preparar um novo CD, que deve sair em Dezembro. Vai ter muito funaná, mas haverá outros estilos de músicas de Santiago: batuco, tabanka, uma espécie de tabanka mais lenta, como uma ladainha. E haverá vários convidados: de Angola, Moçambique, São Tomé. Vamos trabalhar mais com cantores.” No palco, haverá poucos que lhes resistam: “Em termos musicais, mesmo um público que não entenda o que nós falamos é entranhado pela nossa melodia. Quando estamos no palco, à segunda ou terceira música já toda a gente adere.”