Ferro escolhe quatro apoiantes de Seguro para a direcção do grupo parlamentar
Composição da equipa de Ferro Rodrigues já reflecte entendimento entre António Costa e Álvaro Beleza, depois da reunião entre ambos na quarta-feira. Unir é a palavra de ordem.
Ferro respeitou a regra de um terço, que corresponde ao resultado do ex-líder socialista nas primárias de domingo, e que foi negociada previamente entre o futuro líder do partido e Álvaro Beleza um dos membros da direcção cessante de Seguro.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Ferro respeitou a regra de um terço, que corresponde ao resultado do ex-líder socialista nas primárias de domingo, e que foi negociada previamente entre o futuro líder do partido e Álvaro Beleza um dos membros da direcção cessante de Seguro.
João Paulo Correia (Porto), Jorge Fão (Viana do Castelo), Mota Andrade (Bragança) e Pita Ameixa (Beja) são os quatro novos vice-presidentes da quota Seguro. O resto da direcção da bancada é constituída por Ana Catarina Mendes, Hortense Martins, Inês de Medeiros, Isabel Santos, Sónia Fertuzinhos, Vieira da Silva, Marcos Perestrello e Pedro Nuno Santos – todos apoiantes de António Costa. A lista para a direcção da bancada será votada esta sexta-feira pelos deputados socialistas.
Numa carta dirigida aos deputados, Ferro Rodrigues explica que “a batalha parlamentar é de enorme importância neste período que antecede as legislativas”, pelo que procurou fazer uma direcção parlamentar que “traduzisse a qualidade e a diversidade” da bancada. “A necessidade de construir uma resposta progressista [à situação que o país atravessa], interpela directamente o Partido Socialista e o PS demonstrou no passado domingo possuir a capacidade para o fazer”, escreve o líder da bancada indigitado.
A quota acordada entre António Costa e Álvaro Beleza numa reunião na quarta-feira vai ser aplicada a partir de agora a todos os órgãos nacionais do partido: Comissão Nacional e Comissão Política, num claro sinal de unidade interna que o novo líder está empenhado em dar ao país.
“Limitei-me a falar com António Costa e estabelecer um terço dos lugares correspondente à percentagem obtida por António José Seguro nas eleições primárias de domingo, que é, de resto, aquilo que é tradição do PS”, declarou ao PÚBLICO Álvaro Beleza, sublinhando que os quatro “vice” foram escolhidos por Ferro.
“Chegamos a um acordo de cavalheiros. Dei o meu melhor”, disse, Álvaro Beleza, sublinhando que o objectivo é fazer uma transição tranquila. “Neste processo, o meu contributo como médico é ajudar a sarar as feridas e unir o partido para que o país perceba que vai ter um PS forte para formar um Governo para combater o actual Governo de direita liberal”.
Do encontro, que decorreu de forma cordial, resultou a decisão de serem dados passos e sinais exteriores de que a contenda das primárias está ultrapassada e de que o PS voltará a estar unido em torno do objectivo de vencer as legislativas de 2015.
A conversa abordou a necessidade de ser feito um esforço em torno do estabelecimento de ideias programáticas para uma proposta de programa de Governo, pelo que foi decidido que haverá um encontro entre os responsáveis da Agenda da Década de António Costa e os responsáveis pelo Laboratório de Ideias e de Propostas para Portugal (LIPP) e pelas conferências do Novo Rumo que foram organizadas pela direcção de Seguro.
Este encontro acaba, assim, por consumar a inversão da situação interna do PS. Desde o último Congresso, em Abril do ano passado, todos os órgãos nacionais integravam apoiantes de António Costa em cerca de um terço da sua composição - incluindo a bancada parlamentar -, reflectindo o entendimento entre António José Seguro e António Costa em Fevereiro de 2013, depois deste último ter ensaiado avançar contra o secretário-geral e ter recuado.
Agora, a tendência é que seja o contrário, para reflectir os resultados das primárias de domingo, em que Costa ultrapassou os 67,7% e Seguro 31,5%, ou seja, um pouco mais de dois terços contra um terço.