PCP denuncia exposição no Parlamento como um “enxovalho” à democracia

Bustos de 18 Presidentes da República, incluindo os da época da ditadura, expostos nos corredores da Assembleia da República estão a indignar deputados de esquerda.

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Os polémicos bustos Daniel Rocha

Os bustos e fotografias de todos os ex-Presidentes e do actual, Cavaco Silva, já estão expostos nos corredores do Parlamento, numa iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Barcelos, que é socialista. Entre eles figuram Craveiro Lopes e Américo Tomás, que foram Presidentes durante o Estado Novo.

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Os bustos e fotografias de todos os ex-Presidentes e do actual, Cavaco Silva, já estão expostos nos corredores do Parlamento, numa iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Barcelos, que é socialista. Entre eles figuram Craveiro Lopes e Américo Tomás, que foram Presidentes durante o Estado Novo.

 “Acho que é um enxovalho da democracia”, disse António Filipe, na reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, defendendo que deviam ser retiradas dos ex-Presidentes do Estado Novo.

As críticas e as dúvidas foram secundadas pelo PS e pelo BE. “Alguém imagina que o Bundestag [Parlamento alemão] faça uma referência pública a Hitler ou o Parlamento italiano o faça com Mussolini?”, questionou o socialista Jorge Lacão. “As convicções democráticas jamais lhe permitiriam fazer isso”, acrescentou.

Pelo Bloco de Esquerda, Cecília Honório também se questionou sobre os critérios que presidiram à organização da exposição. “O busto do Américo Tomás não é só uma questão histórica, é estética, está à entrada do vosso grupo”, disse a deputada bloquista, dirigindo-se aos sociais democratas. Curiosamente, Afonso Costa e Sidónio Pais estão junto à entrada do grupo parlamentar do CDS. Os três deputados pediram ao presidente da comissão em exercício, Filipe Neto Brandão, para pedir esclarecimentos à mesa da Assembleia da República.

Ao que o PÚBLICO apurou, a realização da exposição foi aprovada a 25 de Junho na comissão de Educação e Ciência, onde não foi levantado qualquer problema. A iniciativa foi depois autorizada pela Presidente da Assembleia. 

As bancadas da maioria não reflectiram a mesma preocupação e consideram que a História não se reescreve. Carlos Abreu Amorim, do PSD, defendeu que no Parlamento há símbolos que não são simpáticos para a democracia. Na exposição “há figuras que não me são simpáticas, como Sidónio Pais”, referiu.

Teresa Anjinho, do CDS, defendeu que a Assembleia está cheia de imagens e símbolos que não são compatíveis com a democracia. “Há outros símbolos no Parlamento que os senhores deputados podem estar em desacordo”, afirmou, defendendo que a comissão não é competente para avaliar o teor da exposição.

Filipe Neto Brandão notou, no entanto, ser “estranho” que António Filipe, que é “vice-presidente da Assembleia da República, [e] seja obrigado a pronunciar-se sobre isto” na 1ª comissão.