TAP contrata auditora externa para avaliar problemas técnicos do Verão
Mudança de regras do regulador da aviação atrasou formação de pilotos, revelou o presidente da companhia.
Esta contratação faz parte do plano que a administração da transportadora aérea desenhou, e apresentou ao Governo, para dar resposta aos constrangimentos sentidos numa altura de pico na operação. Esse plano inclui ainda um reforço no número de pilotos (mais 22), a aquisição de um avião A320 de reserva e ainda a substituição da frota da Portugália, a companhia regional que detém a 100%.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Esta contratação faz parte do plano que a administração da transportadora aérea desenhou, e apresentou ao Governo, para dar resposta aos constrangimentos sentidos numa altura de pico na operação. Esse plano inclui ainda um reforço no número de pilotos (mais 22), a aquisição de um avião A320 de reserva e ainda a substituição da frota da Portugália, a companhia regional que detém a 100%.
Os dados apresentados por Fernando Pinto na Assembleia da República, na sequência de um requerimento apresentado pelo PCP e, posteriormente, pelos partidos da maioria PSD e CDS, mostram que, entre Junho e Agosto deste ano, a TAP cancelou 543 voos, a maior fatia nos dois primeiros meses (473 ligações suprimidas). Ainda assim, o presidente da companhia de aviação explicou que a diferença não foi substancial face a 2013, já que no Verão do ano passado foram cancelados 450 voos.
A taxa média de cancelamentos em Junho e Julho, os meses em que as perturbações na operação foram mais visíveis, foi de 7,8 por dia, que compara com a fasquia de 6,2 do mesmo período do ano anterior. Em Agosto, a taxa caiu para 2,2, abaixo dos 2,3 de 2013.
Pela primeira vez, o presidente da TAP referiu como causa para os constrangimentos uma mudança nas regras de formação de pilotos por parte do Instituto Nacional da Aviação Civil, que regula o sector. "[Essa alteração] "fez com que tivéssemos mais seis meses no processo de formação de instrutores", explicou Fernando Pinto.
O gestor referiu-se ainda à greve de zelo dos pilotos, iniciada em Abril e que culminou na marcação de uma greve a 9 de Agosto. "Um pequeno grupo não aceitava qualquer mudança nas escalas de voos", indicou.
De acordo com os dados apresentados no Parlamento, dos 473 cancelamentos ocorridos em Junho e Julho, 227 ficaram a dever-se a "problemas de tripulação", seguindo-se os problemas técnicos (120).
"A TAP só aumenta o seu valor"
O presidente da TAP descartou qualquer impacto negativo dos problemas técnicos numa eventual privatização da companhia. "A TAP não perdeu um ponto na reputação técnica", garantiu Fernando Pinto, acrescentando que a empresa "só aumenta o seu valor".
Questionado pelo PSD sobre as consequências das perturbações na operação no valor da companhia, o gestor brasileiro referiu ainda que "os investidores sabem que não há nenhuma ligação entre os problemas técnicos e o valor" da empresa.
O Governo está prestes a decidir se relança o processo de privatização da TAP, depois de a primeira tentativa ter fracassado em Dezembro de 2012. A intenção será alienar todo o grupo, incluindo a deficitária unidade de manuntenção do Brasil. Mas ainda não é certo que a venda avance, embora já haja investidores em jogo: um consórcio que junta o empresário português Miguel Pais do Amaral, o antigo dono e presidente da Continental Airlines e o grupo nacional de logística Barraqueiro; a companhia de aviação brasileira Azul e o grupo espanhol Globalia através da sua transportadora aérea Air Europa; e o eterno candidato Gérman Efromovich.